Carreiras para a geração Z: o que eles estão buscando?

Geração é um termo tradicionalmente usado para se referir às pessoas nascidas em um período de tempo. Em geral, o período de uma geração se estende entre 15 a 20 anos.

No século passado, o mundo passou por uma série de mudanças. Afinal, foram duas guerras mundiais na primeira metade do século, que tiveram grande impacto sobre a sociedade. A economia mundial passou por períodos de crise e também de estabilidade. Diversos países passaram por governos autoritários, inclusive o Brasil. A cultura e a tecnologia também não ficaram alheias às mudanças.

Todos estes fatos tiveram grande impacto sobre a vida e o comportamento das pessoas. Atualmente, quatro gerações diferentes formam a força de trabalho. Desde aqueles que estão entrando no mercado de trabalho como aqueles que estão se aposentando. Cada geração tem suas dinâmicas específicas, sua forma de ver o mundo e de se relacionar com ele. E a geração Z não seria diferente.

Mas afinal, qual o perfil dessa geração? E quais as suas expectativas para a sua vida profissional? Neste artigo, vamos mostrar alguns dados que nos ajudam a entender melhor esta geração e quais são as carreiras que mais a interessa.

Geração X, Y e Z: quais são as características de cada uma?

Cada geração compõe-se por indivíduos com personalidades e vivências completamente diferentes. No entanto, é possível observá-la como um grupo impactado por eventos históricos em uma mesma fase da vida.

E para entendermos as dinâmicas e o comportamento da geração Z, é importante conhecer primeiro as gerações que vieram antes dela. Por isso, vamos fazer uma breve descrição das gerações X e Y também. Assim, podemos ver quais as características que a geração Z herdou das suas ancestrais. E quais características as diferencia das demais também.

Geração X: nascidos entre 1961 e 1980

O fotógrafo húngaro Robert Capa deu o nome de Geração X para o ensaio fotográfico que fez de jovens nascidos no pós-guerra em 1953. A letra X foi escolhida para simbolizar uma identidade ainda sem definição.

Em 1964, em um estudo sobre a juventude britânica, o termo apareceu novamente. O estudo mostrava uma mudança radical de comportamento dos adolescentes na época em relação às gerações anteriores, que possuíam um perfil conservador.

No contexto político, é importante ressaltar que a Geração X cresceu em meio à Guerra Fria e, no Brasil, à Ditadura Militar. Segundo o escritor John Ulrich, os jovens desta geração foram vistos como sem identidade, “a enfrentar um incerto, mal definido, talvez hostil, futuro”.

Em relação à tecnologia, os jovens da Geração X presenciaram o surgimento dos celulares, dos computadores pessoais e da internet. Mas a TV ainda tem grande influência sobre a vida desta geração.

A Geração X é caracterizada por um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. A estabilidade financeira é importante, mas não é a prioridade máxima. Está muito inclinada para o aprendizado de novas e variadas habilidades.

Geração Y: nascidos entre 1981 e 1995

Os nascidos entre 1981 e 1995 foram chamados de Geração Y, a princípio. Os sucessores da Geração X ganharam naturalmente a próxima letra do alfabeto. No entanto, esta geração passou a ser conhecida simplesmente de Millennials.

Conhecida como geração da inovação, tiveram contato com a tecnologia ainda na infância ou início da adolescência. Dessa forma, podemos dizer que esta é uma geração que cresceu junto com o desenvolvimento tecnológico dos computadores. O contexto da globalização e, no Brasil, da redemocratização teve grande impacto na forma de se comunicar com as pessoas e o mundo.

Em relação às suas carreiras, os Millennials tendem a fugir das configurações tradicionais de trabalho. Dessa forma, buscam maior flexibilidade e independência para expressar sua criatividade. Por esta característica, os Millennials tendem a não ficarem somente em uma área. Os seus gostos e interesses pessoais frequentemente os faz criar conexões com a sua área de estudos e de trabalho. Portanto, essa é uma expressão da sua individualidade tanto na área pessoal como profissional.

Outro aspecto importante importante para esta geração é a crise financeira de 2008 que têm efeitos até hoje no cenário global. Afinal, este foi o momento em que boa parte dessa geração estava entrando no mercado de trabalho. A instabilidade financeira e o crescente desemprego tiveram grande influência sobre a visão dos Millennials sobre suas carreiras, em especial os mais jovens dessa geração.

Geração Z: nascidos entre 1996 e 2010

Os nascidos a partir de 1996 são conhecidos como nativos digitais, já que tiveram contato com as novas tecnologias (celulares, internet) desde os seus primeiros anos de vida. A geração Z, portanto, nunca viu o mundo sem a presença dos meios digitais.

Pelo contato precoce com a tecnologia digital fez com que essa geração tenha melhor domínio sobre ela. Até mesmo melhor do que os Millennials. Portanto, trata-se de uma geração extremamente ágil e capaz de absorver grandes quantidades de informação. É por isso que outros termos usados para definir esta geração são: Gen Tech, iGeneration, Zoomers.

Mas se os Millennials passaram por um momento de crescimento econômico antes da crise, a situação é diferente para a Geração Z. A instabilidade financeira teve grande impacto ainda na adolescência deles. Como consequência, a insegurança é uma aspecto muito importante desta geração. O medo do desemprego, de não encontrar um propósito e até mesmo da solidão seja recorrente entre esses jovens.

Quais as expectativas dessa geração em relação à carreira?

Aqueles que nasceram no final do milênio já alcançaram os seus 20 anos. Isso significa que grande parte deles estão próximos de concluir suas graduações. E os mais velhos estão recém-formados! Mas o que o mercado de trabalho espera dessa geração que está construindo sua carreira? E o que eles esperam do mercado de trabalho?

Uma resposta às crises

Assim como os Millennials, a geração Z deseja construir suas carreiras naquilo que são apaixonados. No entanto, crescer em meio à crises (econômica, política e ambiental) fez com que a geração Z assumir uma postura mais pragmática do que idealista. Dessa forma, a escolha da carreira é feita também pensando na disponibilidade de trabalhos e no cenário econômico.

Neste sentido, a geração Z é também crítica aos comportamentos das gerações predecessoras em relação a sua retenção em um trabalho. Por um lado, elas rejeitam a visão da geração X de optar pela estabilidade e permanecer no mesmo emprego por muito tempo. Por outro, ela também rejeitam o hábito dos Millennials de mudar de emprego constantemente. Portanto, há um balanço entre a estabilidade e a vontade de explorar novas possibilidades na sua carreira.

Engajamento online e offline

As expectativas mais comuns em relação à geração Z têm relação com a tecnologia. Mas, ao contrário do que se imagina, pesquisas mostram que esses jovens fogem do estigma de ser a primeira geração de nativos digitais. Eles não querem ser rotulados como viciados em tecnologia. Na verdade, eles se sentem mais confortáveis quando parecem inacessíveis na redes e preferem interações face à face do que digitais.

No entanto, é inegável que a tecnologia tenha um grande impacto na forma de ver o mundo e conectar-se com as pessoas. A internet é o principal meio pelo qual os jovens dessa geração se informam e se expressam sobre temas importantes. O ativismo por causas de justiça social e o engajamento político passa também pela internet. Mas não só por ela. As redes de ativismo não ficam somente no mundo online, pois afetam a forma como os jovens veem o mundo e os mobiliza para mudá-lo.

Isso é refletido também na carreira. Na procura por emprego, os jovens da geração Z buscam empregadores que tenham propósitos claros. Que, através do seu trabalho, eles possam causar um impacto na sociedade.

Compartilhamento como palavra-chave

Outro aspecto importante para esta geração está no compartilhamento. Mas esse não é um mero termo usado na redes. No mundo do trabalho, esse termo tira a ideia de um trabalho individual e descolado da produção da equipe e da empresa como um todo.

E o mesmo se aplica aos líderes. As relações tradicionais de hierarquia no trabalho são vistas com mais flexibilidade pela geração Z. Um bom líder, de acordo com os jovens, é aquele que trabalha em conjunto e compartilha os seus conhecimentos.

O compartilhamento se transpõe também para como a geração Z encara o consumo. Um reflexo da crise ambiental e econômica, os modelos de consumo compartilhado são os mais procurados por esta geração.

O que vem pela frente: a Geração Alpha

Como pudemos ver, entre as 3 gerações que descrevemos, a Z é aquela que engloba o menor período de tempo. Especialistas apontam que, os nascidos a partir de 2010 podem ser enquadrados em uma nova geração: a Alpha.

Atualmente, é uma geração bastante indefinida. Não é possível até agora prever como ela irá se comportar ou como irá encarar encarar sua vida profissional. Afinal, é uma geração que ainda está nascendo e os mais velhos dela estão completando seus 10 anos. Mas, uma coisa é certa: se a Geração Z tem uma relação natural com o mundo digital, é a inteligência artificial que terá maior destaque para a Geração Alpha. A integração da tecnologia à vida é, portanto, um aspecto importante daqui para a frente.