Coleta de dados TCC: saiba o que é e quais são as principais técnicas

A coleta de dados é uma parte fundamental de toda pesquisa científica, independente da área em que se aplique. Trata-se de um conjunto de operações que visam a reunião de informações a respeito do tema escolhido. Essas informações, futuramente, serão processadas e confrontadas com os modelos de análise escolhidos nas etapas de Resultados e Discussão

A coleta de dados é uma das partes que causa mais dúvidas e inseguranças para estudantes nos seus TCCs. No entanto, quando se tem um trabalho bem estruturado com problema, objetivos e métodos claros, a coleta de dados torna-se bem menos complicada e difícil. 

Nesse artigo, falamos sobre as principais técnicas de coleta de dados e os cuidados que devem ser considerados nessa etapa tão importante de uma pesquisa. Confira!

Como escolher a técnica de coleta de dados mais adequada?

Realizar a coleta de dados significa estabelecer um contato direto com uma fonte de informações sobre o tema que se está pesquisando. Através dessas informações e da sua análise, obtêm-se novos conhecimentos científicos. 

Mas, para isso, é necessário refletir sobre a forma com que esses dados serão obtidos. A escolha da técnica tem grande impacto sobre o sucesso de uma pesquisa. Isso porque mais de uma técnica pode se aplicar na pesquisa, mas cada uma delas possui características específicas que poderão evidenciar determinados aspectos do problema. 

Então, ao escolher a técnica (ou técnicas) de coleta de dados do seu TCC, considere o que se está buscando, como e quando esses dados serão encontrados e também quem poderá disponibilizar essas informações. Além disso,leve também em consideração a comunidade científica da qual o seu trabalho pretende dialogar. Determinadas comunidades possuem critérios e parâmetros específicos na escolha das técnicas e registro de dados coletados. 

Técnicas de coleta de dados 

1. Observação

A observação é uma técnica de coleta de dados que utiliza os sentidos para examinar determinados aspectos da realidade. Ou seja, envolve o ato de ver e ouvir fatos ou eventos envolvendo uma comunidade. No entanto, para que uma observação seja bem sucedida, é importante organizá-la com rigor e critério. Dessa forma, obtêm-se informações válidas e orientadas para o objetivo da pesquisa. 

Assim, ao planejar uma observação, é importante levar em consideração os seguintes critérios:

Segundo os meios utilizados:

  • Estruturada: com instrumentos estruturados e em condições controladas, como pesquisas realizadas em laboratório;
  • Não-estruturada: registros são livres e não emprega ambiente controlado. Geralmente empregada em estudos exploratórios.

Segundo a frequência da observação:

  • Sistemática: ou seja, realizada com regularidade definida;
  • Ocasional: realizada de forma esporádica, sem regularidade.

Segundo a participação do observador no grupo observado:

  • Participante;
  • Não-participante.

Segundo o número de observadores:

  • Individual;
  • Grupo.

2. Questionário

Um questionário é constituído por uma série de perguntas elaboradas por um pesquisador e respondidas por escrito pelos participantes. 

Ao elaborar um questionário, leva-se em consideração qual o tema da pesquisa, qual será a população atingida, e o tipo de análise que se realizará a partir dele. Assim, alguns cuidados são fundamentais como a elaboração de perguntas simples e que não permitam interpretações diferentes da que o pesquisador propõe. A inclusão de uma carta de apresentação da pesquisa e instruções claras de preenchimento é outro cuidado importante.

Logo, um questionário pode ser composto por:

Perguntas abertas: permite que o participante elabore e escreva a sua resposta da maneira que ache mais adequada no campo livre disponível. 

Perguntas fechadas: as perguntas vêm acompanhadas de respostas pré-estabelecidas, que o participante pode escolher e assinalar. 

  • Binárias ou dicotômicas: a pergunta apresenta somente duas respostas possíveis para a pergunta, que representam pólos opostos (Sim e Não, Verdadeiro e Falso, por exemplo).
  • Múltipla escolha: a pergunta oferece três ou mais opções de resposta, que não necessariamente representam pólos opostos. 
  • Escalonadas: a pergunta oferece três ou mais opções de resposta, organizadas em uma escala. Em geral, a primeira e a última resposta são antagônicas, enquanto as do centro apresentam diferentes graus para os dois sentidos. 

3. Entrevista

Define-se uma entrevista como o encontro e conversa de duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de um assunto. Mas não se trata de uma conversa qualquer. Como parte de uma pesquisa científica, uma entrevista também possui uma estrutura metódica. Assim, deve-se planejar a entrevista de acordo com as informações que se visa obter.

Confira como se organizam os tipos de entrevistas:

Entrevista Estruturada: o entrevistador segue um roteiro de perguntas previamente definidas, sem possibilidade de alteração ou adaptação.

Entrevista Não estruturada: o entrevistador tem liberdade para desenvolver a entrevista na direção em que considere mais adequada. 

  • Por pauta: o entrevistador se guia por pontos de interesse previamente elencados;
  • Focalizada: o entrevistador se guia por um roteiro relativo ao problema que vai estudar; ou
  • Não dirigida: o entrevistador incentiva o entrevistado a falar livremente sobre o tema, revelando suas opiniões e sentimentos, sem direcionamento de pauta ou roteiro. 

Independente do seu tipo, recomenda-se que toda pesquisa se inicie com instruções claras ao entrevistado sobre a condução da entrevista. Por exemplo, ao realizar as perguntas, considere se elas são de fácil compreensão para o entrevistado. Além disso, evite perguntas muito abertas, pois elas podem não te levar às informações desejadas e também que a entrevista dure mais do que o necessário. E, finalmente, tenha atenção na ordem das perguntas, a fim de manter o entrevistado engajado na conversa. 

Os registros da entrevista devem ser feitos no momento em que ela acontece, através de anotações do entrevistador ou da gravação em áudio ou vídeo. 

Ética na coleta de dados de pesquisas científicas que envolvam seres humanos

Ao falarmos de coleta de dados, não podemos deixar de falar sobre ética. É graças à pesquisa que temos, atualmente, um elevado grau de desenvolvimento científico e tecnológico. No entanto, sabemos pela história que as descobertas científicas nem sempre consideraram o bem-estar dos seres humanos, de outros seres vivos ou mesmo do meio ambiente. Por isso, a ética em pesquisa é um ponto central para todas as instituições ligadas à ciência. 

Dessa forma, ao realizar uma pesquisa que envolva coleta de dados com seres humanos, é preciso submeter ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). O CEP é uma entidade ligada à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), do Ministério da Saúde. 

O sistema CEP/CONEP foi criado em 1996, com o objetivo de analisar a ética de projetos de pesquisa envolvendo seres humanos em todo o território nacional. Seus processos baseiam-se em resoluções e normativas deliberados pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS).

De acordo com o sistema, para que uma pesquisa científica seja ética, ela precisa:

  • Respeitar a dignidade e a autonomia do participante da pesquisa;
  • Ponderar sobre os riscos e benefícios individuais e coletivos que a pesquisa oferece;
  • Evitar danos previsíveis; assim como 
  • Ter relevância social, o que garante a igual consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio-humanitária.

A submissão ao CEP acontece a partir do cadastro do pesquisador e da sua pesquisa na Plataforma Brasil, a base nacional de registros de pesquisa envolvendo seres humanos.