Diversidade no trabalho: o que é, importância e como incluí-la em sua organização

Vivemos em um país diverso. Por sermos um país colônia, somos nada mais do que a miscigenação de inúmeras etnias, culturas e crenças. Por que então esta diversidade não aparece no ambiente organizacional? Falaremos neste artigo sobre a importância de incluir as diferenças nas empresas e como trazer a diversidade para o ambiente de trabalho. Confira.

O que é diversidade?

A diversidade diz respeito a conviver de forma respeitosa e harmônica com as diferenças. Sejam elas de gênero, orientação afetiva, idade, etnia, ideologia ou cultura, saber lidar com o que é diferente de nós nos torna mais fortes. A capacidade de interagir com as diferenças promove resultados mais positivos, como vamos apresentar adiante.

Respeitar as diferenças, independente de quais sejam, é dever de cada um em seu meio social, fora e dentro do ambiente organizacional.

Algumas estatísticas sobre minorias

Para compreendermos a importância deste debate, vamos apresentar alguns dados que justificam a importância da diversidade no trabalho.

Mulheres no trabalho

Mulheres no trabalho

Segundo o IBGE (2016), 34% das mulheres possuem nível superior, contra 27,7% dos homens. Contudo, a média salarial de um homem brasileiro é de R$ 2306, e da mulher, R$ 1764. Se considerada a mulher negra, a renda média cai para R$ 946. As mulheres recebem em torno de 70% do salário dos homens, mas as pesquisas indicam que seu rendimento é maior. De 2003 para 2011, o rendimento das mulheres aumentou em 24,9%, e dos homens aumentou em 22,3%.

Apenas 16% dos senadores e 10,5% dos deputados federais são mulheres (dados de 2017). O Brasil fica em 152º lugar no quesito proporção de parlamentares mulheres. Cargos gerenciais, incluindo setores público e privado, são assumidos prioritariamente por homens (60,9%).

De acordo com o Fórum Econômico Mundial, o Brasil levará mais 93 anos para alcançar a igualdade de gênero.

A cada 11 minutos, uma mulher é estuprada no Brasil.

De acordo com um estudo da Ethos, as mulheres são quase 59% dos estagiários nas empresas, mas quando se chega aos cargos executivos, a representatividade cai ara 11%.

O negro no mercado de trabalho

Negros no mercado de trabalho

De acordo com o Censo 2010, 50,7% dos brasileiros se consideram pretos ou pardos, e 47,7% brancos. Em todo o Brasil, o salário do negro é 27% mais baixo que do branco. De todas as pessoas vivendo em extrema pobreza no Brasil, quase 71% são afro-brasileiras, segundo a ONU.

A cada 23 minutos, um negro é morto no Brasil.

O estudo da Ethos mostra que 58,2% dos trainees são negros, mas apenas 4,7% ocupam cargos executivos. No total de empresas analisadas, apenas 1% do total de funcionários é indígena, com ainda menor representatividade conforme a ascensão de cargos.

Pessoas com deficiência (Pcd)

Conceito de deficiente no trabalho

O Brasil possui 45 milhões pessoas com deficiência, de acordo com dados do IBGE. Mesmo assim, apenas 2% dos inseridos no mercado de trabalho são PcDs, o que ocorre unicamente devido às exigências da legislação.

No estudo da Ethos, foram identificados 0,64% de presença de PcDs em cargo executivo e 0,41% em cargo de gerência. Se divididos por gênero, não há representatividade feminina nos cargos executivos, e apenas 0,1% em cargo de gerência.

População LGBTQ+

Para melhor compreensão, identidade de gênero é como a pessoa se vê (homem, mulher), e orientação afetiva ou sexual diz respeito à atração sentido pelos indivíduos (homossexualidade, heterossexualidade, bissexualidade).

A cada hora, um gay é vítima de violência física e a cada 26 horas, um gay é morto no Brasil. Segundo o IBGE, enquanto a expectativa de vida média do brasileiro é de 75 anos, a do transgênero é de 35 anos.

Um estudo do Instituto Center for Talent Innovation identificou que, entre os entrevistados em todo o mundo, 61% dos LGBTQ+ escondem sua sexualidade no trabalho.

Segundo pesquisa da OAB, 82% do público transgênero não conclui seus estudos.

Diferença geracional

Com a reforma da previdência, as pessoas vão demorar cada vez mais para se aposentarem: 62 anos para as mulheres e 65 anos para os homens. Ou seja, precisarão de oportunidades no mercado de trabalho para continuarem sendo pessoas economicamente ativas.

Entendendo o etnocentrismo

O etnocentrismo é uma visão de mundo que considera apenas o seu próprio grupo cultural, étnico como válido. Uma pessoa etnocêntrica considera suas próprias características como mais importantes que as dos demais e tem dificuldade de ter empatia com o que é diferente. Pessoas com este tipo de pensamentos podem ter ações discriminatórias, excluindo etnias, gêneros, gerações, crenças, padrões estéticos e físicos diferentes.

E o que a minha empresa tem a ver com tudo isso?

Diante de todos estes dados, como pensar no papel da organização? Ela está inserida no contexto nacional, e ao abster-se de refletir sobre estes índices, pode estar contribuindo para a perpetuação deles.

Além disso, estudos comprovam que abraçar a diversidade no trabalho traz diversos efeitos positivos e inclusive lucrativos.

  • Uma empresa com diversidade étnico-racial aumenta em 35% as chances de rendimentos acima da média. Nos Estados Unidos, há um aumento de 0,8% nos lucros das empresas a cada 10% do aumento de diversidade racial na equipe de executivos.
  • A diversidade de gênero nas organizações aumenta em 15% as chances de rendimento acima da média.
  • De acordo com um estudo da Harvard Business Review, uma equipe com diversidade está em média 17% mais engajada em ir além de suas responsabilidades.
  • A relação entre os funcionários melhora. A tendência é que haja 50% menos conflitos em equipes com diversidade.

A educação é o primeiro passo para a mudança. O papel dos líderes é fundamental: refletir se ele não está aplicando uma prática etnocêntrica, mesmo inconscientemente, na cultura organizacional. Olhe ao seu redor: quanta diversidade está inserida em seu meio de trabalho? É possível melhorar? Como?

Pequenas práticas preconceituosas estão enraizadas em nosso discurso. Através de brincadeiras e piadas, é comum ouvir conteúdos de teor machista, racista e discriminatório em geral. Que tal começar mudando estas falas?

Mais do que discurso, o importante é atitude. A diversidade deve fazer parte da cultura da empresa, o que entendemos que não muda de uma hora para outras. Porém, os primeiros passos podem ser:

  • Incluir a diversidade como parte de seus valores.
  • Fazer campanhas de endomarketing, apresentando o conceito de diversidade.
  • Aplicar a diversidade no marketing da empresa.

Hoje já é possível notar algumas empresas aplicando esta prática. Em propagandas e outras campanhas publicitárias, encontramos em maior volume a representatividade daquelas que são consideradas minorias. Já é possível encontrar empresas no Brasil com mulheres em cargos executivos que estão aplicando o conceito de diversidade em todos os seus aspectos. Mas ainda é só o começo, é preciso muito mais.

Comece a incluir a diversidade no trabalho

Incluir diversidade no trabalho

Se você identificou, através da leitura deste texto, que seu ambiente de trabalho não representa a diversidade, o que é possível fazer? Enquanto líder há inúmeras possibilidades. Através de processo seletivo, na hora de contratar um novo colaborador, já é possível começar a pensar mais na diversidade. Sempre temos muito a aprender com as diferenças. Inclui-las é um modo de comunicar que a cultura da empresa está mudando.

Se você não é líder, mas ainda assim identifica a ausência de diversidade no trabalho, que tal propor para sua chefia alguns pequenos passos para começar a mudar esta realidade? Apresente dados de como o diferente traz aprendizado, melhora o desempenho e até aumenta o lucro para a empresa. Trabalhe sua fala. E leve esta prática para a vida: dentro e fora do ambiente organizacional.

A diversidade contribui para o crescimento da empresa, melhora as relações interpessoais, o engajamento, o respeito, a criatividade e inovação. E quem não quer estes benefícios para seu ambiente de trabalho?

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