Ensaio científico: conheça este gênero textual do universo acadêmico

Ao entrar para um curso superior, os estudantes precisam lidar com uma rotina de estudos mais pesada do que a do ensino médio. Seja pela complexidade dos temas expostos em aula, ou pelas leituras que os espera. Mas também pelas demandas que surgem de cada disciplina cursada.

Durante uma graduação, os estudantes devem conhecer os diferentes tipos de textos acadêmicos. Relatórios e Ensaios são só dois deles. No final do curso, ainda tem a temida monografia. Os variados tipo de textos podem confundir os estudantes. Afinal, cada um tem o seu propósito e forma de escrita específica.

No post de hoje, vamos esclarecer as principais dúvidas sobre Ensaios científicos. Confira!

O que é um Ensaio científico?

Ensaio é um gênero textual que tem por objetivo discutir um tema proposto. Para isso, o autor expõe ideias e pontos de vista com base em uma pesquisa científica referencial. Ou seja, apontando o que outros autores disseram sobre o tema. Porém, ao contrário de uma monografia, o ensaio é um texto mais curto. Assim, o tema não é explorado de forma exaustiva pelo autor.

Mas isso não quer dizer que um ensaio faça uma discussão rasa. Para defender as suas ideias principais (teses), o autor de um ensaio utiliza argumentos e evidências sólidas vindas de outros estudos acadêmicos.

Qual a estrutura de um ensaio científico?

Um ensaio científico possui algumas diferenças de outros textos acadêmicos. No entanto, a estrutura básica de um ensaio se encaixa na mesma estrutura de trabalhos acadêmicos, como monografias e teses.

Isso acontece porque os textos acadêmicos seguem uma estrutura lógica de textos científicos. Esta estrutura tem como objetivo padronizar os textos de produção científica a fim de facilitar a leitura e o entendimento. Dessa forma, a comunicação das informações se torna mais rápida e precisa.

Assim, o ensaio precisa ter:

  • Resumo e palavras-chave: onde o autor faz uma breve explicação da pesquisa realizada. O resumo deve conter entre 150 e 500 palavras escritas em frases claras e objetivas. Acompanha também uma média de 5 palavras-chave relacionadas ao assunto discutido no ensaio. É um elemento obrigatório de ensaios destinados à publicação em periódicos, mas pode não ser pedido por professores em trabalhos acadêmicos.
  • Introdução: onde o autor faz uma apresentação do tema; explica porque o escolheu; define sua a sua linha argumentativa sobre ele e de que forma irá conduzi-la ao longo do ensaio. Em geral, corresponde de 10 a 20% do texto.
  • Desenvolvimento ou corpo do ensaio: onde o autor irá desenvolver a sua linha argumentativa. Suas ideias devem ser fundamentadas a partir de uma bibliografia pertinente à proposta do ensaio. Dessa forma, podem ser utilizadas citações diretas ou indiretas para justificar a análise realizada. Geralmente corresponde a 60 a 80% do texto.
  • Conclusão: onde o autor apresenta os resultados da sua análise. Nesta parte, é possível apontar outros caminhos para se pensar o tema. Em geral, não deve ocupar mais do que 10-15% do texto.
  • Referências: Onde são indicados as referências bibliográficas que citadas e que serviram de base para a análise. Deve ser organizada de acordo com as normas sobre citação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

As etapas da escrita de um ensaio científico

Escrever um ensaio não é uma coisa simples, que basta se sentar na frente do computador e digitar. O planejamento é a o grande segredo para o sucesso de um ensaio, assim como para qualquer outro projeto escrito.

Caso você nunca tenha escrito um ensaio, dividir esta tarefa em etapas pode facilitar o trabalho. Abaixo, mostramos quais são as etapas da escrita de um ensaio científico:

1) Preparação

a) Pesquisa bibliográfica

Nenhuma pesquisa científica pode ser desenvolvida sem uma base teórica. É na revisão bibliográfica que conhecemos mais a fundo o tema da nossa pesquisa e podemos fundamentar os nossos argumentos.

Portanto, fazer uma pesquisa bibliográfica preliminar é essencial para se preparar para escrever. Vá até a biblioteca da sua universidade, faça buscas em plataformas científicas online. Posteriormente, verifique quais textos da sua busca se encaixam e quais não se encaixam no tema ou na linha argumentativa que você escolheu.

Mas tente manter o material coletado com uma organização mínima! Você vai economizar tempo e energia no futuro quando precisar consultá-los de novo.  Neste sentido, realizar fichamentos dos textos é bem importante.

b) Desenvolvimento da tese

A tese é o ponto central de um ensaio científico. Uma tese é uma proposta teórica que visa responder uma pergunta ou solucionar o problema. Portanto, a tese é a premissa básica de um ensaio. Ou seja, a direção que será apontada através de uma argumentação.

Desenvolver uma tese é a tarefa mais importante e complexa de ser feita. Pois, para desenvolvê-la, é preciso ter conhecimento crítico sobre o assunto que está sendo tratado. E este conhecimento vêm somente de uma intensa leitura da literatura já produzida. Também da observação atenta do seu objeto de pesquisa.

c) Delineie a sua linha argumentativa

Após desenvolver a sua tese, é hora de escolher qual será a sua linha argumentativa. Ou seja, de que forma você irá expor os argumentos que irão sustentar a sua tese.

Grande parte dos ensaios científicosse iniciam presentando a tese. logo depois a argumentação aparece. Esta estrutura tem grande uso porque faz com que o texto seja mais objetivo e claro para o leitor.

Por isso, pense nos argumentos que serão colocados em cada parágrafo. Escolha também quais serão as citações inseridas no texto e no local onde cada uma delas ficará.

2) Escrita

Com a pesquisa bibliográfica, uma tese desenvolvida e a estrutura do seu texto planejada, é hora de começar a escrever.

Tenha certeza de que a sua tese está sendo sustentada pelos argumentos que você escolheu colocar no texto. Cada parágrafo deve ter o seu próprio tópico. Além disso, os parágrafos devem direcionar a leitura daqueles que vem em seguida dele.

3) Revisão

Reler parágrafos durante a escrita é essencial para captar erros gramaticais ou de digitação. No entanto, isso não substitui uma revisão minuciosa do texto completo.

Quando finalizar a escrita do seu texto, releia o que escreveu com atenção. Assim você poderá conferir se tudo está saindo exatamente como você imaginou.

Nesta revisão, portanto, você poderá conferir se os argumentos estão alinhados à sua tese; se os parágrafos estão na melhor ordem e se as citações que você incluiu fazem sentido com o seu texto. Por fim, esta é a oportunidade de fazer mudanças e melhorar o seu ensaio antes de enviá-lo.

Exemplos de ensaios científicos

Escrever um tipo de texto é muito mais simples quando nos familiarizamos com a sua estrutura. Por isso, ler ensaios científicos é fundamental para escrever um bom texto.

Boa parte das universidades brasileiras mantêm repositórios online. Através deles é possível conferir a produção acadêmica realizada por discentes, docentes e técnicos. USP, UNICAMP, UFRJ, UNB, UFBA, UFPE e Mackenzie, são alguns exemplos.

Além disso, outra forma de ler e se familiarizar com este tipo de texto é buscando revistas científicas e outras plataformas acadêmicas. Entre os mais famosos estão o Google Acadêmico, a Scielo e a Academia.edu. Busque periódicos dentro da sua área de formação. A maioria  pode ser encontrada e acessada facilmente online.

Por fim, separamos dois exemplos de ensaios científicos:

O primeiro foi publicado na revista Mare Nostrum: Estudos sobre o Mediterrâneo Antigo, da USP. Tem o título “Imagens no Satyricon: um ensaio sobre Ars Memoriae” e pode ser conferido aqui.

O segundo foi publicado na revista InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, também da USP. Tem como título “A ciência arquivística e o pós-modernismo: novas formulações para conceitos antigos” e pode ser conferido aqui.