Falta de empatia: como lidar com pessoas que têm essa característica?

Em algum momento de nossas vidas, todos já encontramos pessoas que parecem não ter empatia com os outros. Essa experiência frequentemente resulta em frustração, irritação, insegurança e até mesmo um sentimento de traição em relação à pessoa.

A falta de empatia é muito associada ao egoísmo e até mesmo à atitudes antissociais. Por isso, tem grande impacto sobre as relações interpessoais em geral, seja na família, entre amigos ou colegas de trabalho. Então, como lidar com pessoas que parecem não ter empatia pelos outros? Neste artigo, além das dicas de como lidar com essas pessoas, trazemos a definição do termo e porque falta empatia para algumas pessoas. Confira!

O que é empatia?

Antes de falarmos sobre as características da falta de empatia e dos seus impactos nas relações humanas, precisamos entender o que é exatamente a empatia.

O termo tem origem da palavra grega Empatheia, que deriva da palavra Pathos, que significa “emoção” ou “sentimento”. No dicionário, uma das definições diz que o termo corresponde à capacidade ou à ação de se identificar e compreender emocionalmente com um objeto ou pessoa. Ou seja, em resumo, empatia é colocar-se no lugar do outro.

Mas a empatia não se limita só a sentir o mesmo que a outra pessoa. Ela também engloba a experiência de compreender os seus pensamentos, suas experiências e atitudes. Assim, é possível entender as suas escolhas e as suas reações a estímulos externos, sejam elas de alegria, surpresa, medo ou raiva. Dessa forma, a empatia é o ato de olhar e perceber e entender as atitudes de uma pessoa sem julgá-la.

Portanto, uma pessoa que tem falta de empatia tem dificuldades de se colocar no lugar do outro e entender os seus sentimentos e se identificar com eles.

Por que algumas pessoas têm falta de empatia?

O psiquiatra Elias Abdalla, pesquisador na Universidade de Brasília (UnB) aponta que muitas pessoas não reproduzem a empatia pois nunca tiveram contato com ela através de outras pessoas. Ou seja, provavelmente foram criadas em um ambiente onde onde não eram estimuladas a expressarem seus sentimentos ou até mesmo condenadas por expressarem suas emoções. Dessa forma, nunca foram acolhidas de uma forma empática e, portanto, nunca aprenderam a olhar para outras pessoas dessa forma.

Mas isso não significa que alguém com falta de empatia não possa desenvolver essa capacidade e se tornar uma pessoa mais empática. Abdalla conduziu uma pesquisa onde analisava dois grupos: em um, havia pessoas com histórico de violência decorrente de privações sociais, mas que não possuíam fatores orgânicos cerebrais que facilitavam essas atitudes; já no outro, havia pessoas também com histórico de violência, mas que possuíam fatores cerebrais que facilitavam a agressividade. O resultado do estudo mostrou que o primeiro grupo (sem alterações neurológicas) teve mais facilidade em desenvolver a empatia do que o segundo grupo (com alterações neurológicas).

De acordo com Abdalla, desenvolver empatia não é impossível, embora envolva um caminho longo. Para ele, observar as outras pessoas é o principal exercício para tornar-se uma pessoa mais empática. A expressão da preocupação, carinho e afetividade também fazem parte do caminho para a empatia até mesmo para as pessoas que nunca a experimentaram. Isso se dá pelo fato do nosso cérebro em criar padrões de comportamento. À medida em que adicionamos atitudes empáticas no nosso dia-a-dia, nos tornamos mais familiarizadas com elas e criamos padrões de comportamento.

Atitudes que caracterizam a falta de empatia em uma pessoa

Devido à complexidade da sua origem, pode ser difícil identificar uma pessoa sem empatia. Esse comportamento não aparece somente em uma situação, mas é recorrente na vida de alguém. Algumas atitudes e comportamentos podem servir como indicadores de que se trata de uma falta de empatia. Alguns deles são:

  • Tendem a culpar os outros pelos seus erros;
  • Dizem que os outros são excessivamente sensíveis;
  • Recusam-se a ouvir o ponto de vista dos outros;
  • Têm dificuldade para compreender as experiências de outras pessoas;
  • Possuem uma atitude argumentativa;
  • Têm dificuldades em manter relacionamentos;
  • Possuem intensas reações emocionais; e, ao mesmo tempo
  • Têm dificuldade de lidar com situações emocionais, sejam em relação à si mesmos ou aos outros.

Mas ressaltamos que essas atitudes devem ser recorrentes ao caracterizar uma pessoa com falta de empatia. Afinal, existem momentos em que a pessoa está passando por uma situação difícil e tem dificuldades de se concentrar nos outros. Mas isso não significa que normalmente ela mostre empatia aos sentimentos dos outros.

Mas como lidar com pessoas que têm falta de empatia?

Pode ser difícil lidar com pessoas que não tem empatia quando você é uma pessoa sensível e empática. Afinal, trata-se de uma pessoa que é incapaz de contagiar-se pela sua felicidade e indiferente às suas dores. A distância do parceiro é um sentimento constante e, por isso, é comum que essas relações não se sustentem a longo prazo.

Sem que a pessoa tenha interesse e tente se tornar mais empática, as chances dela mudar de atitude são mínimas. Portanto, o melhor a fazer é entender que, de fato, falta empatia naquela pessoa. Entender isso faz com que você se dê conta de que você não é o responsável pela indiferença dela e que deve se sentir culpado por expressar seus sentimentos. Tentar fazê-la enxergar sua limitação afetiva pode trazer resultados mínimos e muita frustração.

É muito difícil construir uma relação forte e de confiança com uma pessoa que não te deixa confortável para dividir seus sentimentos e sua visão de mundo. Dessa forma, busque relacionar-se com pessoas que estejam dispostas a envolver-se emocionalmente e com que possa criar laços de confiança.

No entanto, é possível encontrar pessoas com falta de empatia em diversos lugares. Dessa forma, nem sempre é possível se distanciar completamente. Então, como lidar com um um colega ou um chefe sem empatia?

Comece colocando limites nessa relação. Reduza o contato com a pessoa somente ao profissional, ou seja, quando for necessário resolver alguma situação relacionada ao trabalho. Mas não é só isso. É importante definir também limites à atitudes ou falas que possam aparecer mesmo com o mínimo de convivência.

E quando for necessário conversar com a pessoa, escolha uma comunicação assertiva. Fale sobre os fatos e sobre os seus sentimentos de forma clara, para que não haja dificuldades de entendimento.