Grifo nosso: o que é e quando utilizar de acordo com a ABNT

Ao ler um texto acadêmico, você já se deparou com um trecho destacado e seguido pela expressão “grifo nosso”?  É um recurso utilizado em trabalhos escritos, monografias, dissertações, teses e artigos. No entanto, é preciso ficar atento para algumas regras importantes no uso deste recurso.

Neste artigo, vamos falar sobre o que é este recurso, como e quando utilizá-lo. Confira!

O que é o grifo nosso?

O uso de citações fundamenta e enriquece a argumentação de um texto acadêmico.

Elas podem ser feitas a partir da reelaboração das ideias de um autor, expressando-as as em outras palavras. Estas são as citações indiretas. Ou através da transcrição de trechos de um texto original, nas citações diretas. Confira os dois tipos de citações diretas:

  • Citações diretas curtas: aquelas que ocupam até 3 linhas na página. Elas são inseridas no parágrafo junto ao texto, com formatação padrão.
  • Citações diretas longas: que ultrapassam 3 linhas na página. Elas ganham um parágrafo exclusivo no texto e devem vir formatadas com fonte tamanho 10 e recuo de 4cm.

Mas, algumas você já precisou dar destaque para alguma palavra ou frase de uma citação?

O ato de grifar faz parte da rotina de qualquer estudante universitário. Grifar é dar destaque para um trecho que carrega ideias importantes. É feito a partir de uma leitura atenta. Ajuda na releitura do texto ou quando é preciso citar trechos em análises e trabalhos acadêmicos.

O “grifo nosso” é um recurso utilizado nas citações diretas para destacar termos que serão trabalhadas dentro do texto. É uma forma de direcionar a atenção do leitor. Mostrar para ele a ideia central de uma citação que faz parte do argumento do texto. No entanto, não deve ser feito sem nenhum critério. Os destaques precisam fazer sentido com a proposta do texto.

Um detalhe: o grifo é chamado “nosso” mesmo em textos escritos por uma pessoa só.  “Grifo meu” não é um termo errado, mas o uso da terceira pessoa é uma convenção na escrita acadêmica. Isso porque, em uma universidade, o aluno tem supervisão de um orientador para elaborar as suas ideias e textos. Mesmo que o orientador não seja marcado como co-autor, ele fez parte da elaboração do texto.

As normas da ABNT sobre o grifo nosso

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) possui a normativa NBR10520, que fala sobre citações de documentos. Nela, é descrito o grifo configura-se como uma alteração no texto. Dessa maneira, é preciso apontar que se trata de um o grifo. Isso deve ser feito na referência em parênteses junto à citação.

Para fazer este grifo, os destaques podem ser feitos em negrito, itálico ou sublinhado, de acordo com a norma.

Confira exemplos:

Exemplo 1: Grifo nosso em citação direta curta

“Quando a língua de origem não o possui, a maioria dos nomes é incorporada ao léxico português no gênero masculino, visto que esta forma é considerada como forma não-marcada no português, assim como no anglicismo bagel: ‘Um bagel, uma azeitona grega, um croissant, uma lichia, alga japonesa, especiarias indianas, feijões malhados e mussarela’. (Vogue Brasil 306, p.166, grifo nosso)”

Exemplo 2: Grifo nosso em citação direta longa

“Acha-se no caso o filósofo Gustavo Radbrunch. Para ele ‘ciências do direito’ são as diferentes ciências que podem ter o direito por objeto e ‘ciências jurídicas’ aquela que dentre essas ciências trata do direito como os métodos especificamente chamados jurídicos. Esta última, essencialmente sistemática e dogmática, pode definir-se como a ciência do sentido objetivo do direito ou de qualquer ‘ordem jurídica’ positiva. (SALDANHA, 1990, p.282. Grifo nosso)”

E o grifo do autor?

O “grifo do autor” aparece quando o autor do texto que está sendo citado dá destaque para alguma frase ou palavra. Ou seja, o destaque já está presente na obra consultada. Também pode ser denominado “grifo no original”.

Além do destaque no texto, é preciso apontar na referência da citação que se trata de um “grifo do autor”. Confira exemplos:

Exemplo 1: Grifo do autor em citação direta curta

“Cortázar (1993) lembra-nos que o conto afirmou-se como gênero literário autônomo no período entre  1829 e 1832, e que os seus maiores representantes na França são Mérimée e Balzac, e nos Estados Unidos, Hawthorne e Poe. Ressalta também que é Edgar Allan Poe quem impulsiona a forma que ganharia então força futura em todo o mundo. Em sua invenção e criatividade, Poe ‘Compreendeu que a eficácia de um conto depende da sua intensidade como acontecimento puro […]’ (CORTAZAR, 1993, p.122, grifo do autor).”

Exemplo 2: Grifo do autor em citação direta longa

“Um arbítrio é puramente animal (arbitrium brut um) quando não pode ser determinado senão mediante impulsos sensíveis, ou seja, patologicamente. Um arbítrio, porém, que pode ser deter minado independente de impulsos sensíveis, e portanto por motivações que só podem ser representadas pela razão, chama-se livre-arbítrio (arbitrium liberum). (KANT, 1980, p. 391-392, B 830, grifo do autor).”

Esperamos ter tirado todas as suas dúvidas sobre o uso do “grifo nosso” e do “grifo do autor” neste artigo. Compartilhe nas suas redes sociais e continue acompanhando nossos conteúdos!