Apesar de já existir há bastante tempo, o trabalho do paleontólogo ficou mais conhecido para o grande público através do filme Jurassic Park, lançado em 1993. O sucesso do filme fez com que surgisse maior interesse do público pelos dinossauros, o que impactou positivamente o trabalho desses profissionais. E também fez com que muitos se interessassem pela área da paleontologia após ver o filme.
Se você é uma dessas pessoas, continue esse artigo. Nele, falamos sobre a paleontologia como ciência, suas subáreas e também o que faz o paleontólogo.
Confira!
O que é a paleontologia?
Antes de entendermos o que faz um paleontólogo no seu dia a dia de trabalho, é importante conhecer a área do conhecimento que ele se dedica.
Em primeiro lugar, vamos esclarecer uma coisa: os paleontólogos podem sim escavar e estudar ossos e outros vestígios de dinossauros, mas não só eles. Na verdade, a paleontologia é a ciência que se dedica ao estudo de fósseis; isto é, vestígios ou partes de organismos antigos preservados em rochas sedimentares, âmbar, através do congelamento ou da mumificação.
A descoberta e estudo de ossos de dinossauros ou de ancestrais dos humanos é certamente a parte mais conhecida (e atrativa) da paleontologia, mas esta ciência não se resume a isso. Na verdade, os paleontólogos também se interessam por carapaças de animais antigos e caule de vegetais, além de pegadas, trilhas, construções e outros indícios que evidenciam a presença de certos organismos na Terra em determinado momento da história.
E através da identificação e análise desses fósseis, os paleontólogos descobrem como eram esses organismos, como eles viviam e também o que levou ao desaparecimento deles. Em suma, os paleontólogos resgatam informações sobre o passado e compreendem a história evolutiva. Por isso mesmo, a paleontologia é uma ciência que se desenvolve a partir do casamento das ciências da terra e das ciências biológicas. Além disso, ela também contribui (e recebe contribuições) com várias outras ciências, fazendo dela um estudo multidisciplinar.
Quais são as subáreas de pesquisa e atuação dos profissionais da paleontologia?
Como toda ciência, a paleontologia também é dividida em diversas subáreas, que também determinam o campo de atuação dos seus profissionais. Elas são:
- Biomecânica: estuda as forças internas e externas que atuam sobre a estrutura biológica de um organismo.
- Paleobotânica: estuda os organismos vegetais preservados em rochas sedimentares.
- Paleontologia da conservação: estuda as mudanças e eventos ambientais que ocasionaram a extinção dos organismos.
- Paleohistologia: estudo da anatomia e taxonomia de espécies do passado e as modificações que sofreram ao longo do tempo.
- Paleoecologia: estudo da interação dos organismos extintos com o ambiente durante o processo de fossilização.
- Paleoicnologia: estuda os traços de atividades produzidas por um organismo em determinado momento da sua vida.
- Paleontografia ou paleoarte: estuda os dados presentes no fóssil e os reconstrói de forma artística através de, principalmente, ilustrações.
- Paleoparasitologia: estuda espécies de parasitos em fósseis encontrados por paleontólogos e arqueólogos.
- Paleozoologia: estuda animais vertebrados e/ou invertebrados fósseis.
- Sistemática filogenética: estuda a história evolutiva dos organismos baseadas em hipóteses de ancestralidade compartilhada.
- Tafonomia: estuda os processos que afetam a preservação dos organismos ao longo do tempo.
Existe diferença entre paleontologia e arqueologia?
A paleontologia e a arqueologia são duas ciências que possuem suas similaridades – daí, muitas pessoas confundem ou até acham que se trata da mesma coisa. Mas atenção: paleontologia não é o mesmo que arqueologia!
Sim, ambas as ciências estudam nossa pré-história. Mas o foco dos estudos de cada uma é diferente. A paleontologia estuda os vestígios de organismos preservados desde a origem da vida na Terra, há cerca de 3,8 bilhões de anos. Por outro lado, a arqueologia estuda qualquer vestígio material ligado à atividade humana, presente há cerca de 7 milhões de anos.
No entanto, na descoberta de vestígios arqueológicos podem ser detectados também vestígios paleontológicos. Nesse caso, o paleontólogo entra em ação.
Mas o que faz um paleontólogo?
Paleontólogo é o profissional que atua na escavação, pesquisa, identificação, salvamento e tombamento de achados fósseis de organismos animais e vegetais extintos. Para isso, o paleontólogo costuma dividir seu tempo entre o laboratório de pesquisa especializada e as escavações, que ocorrem em sítios paleontológicos.
Há um ponto importante: as peças encontradas em sítios paleontológicos possuem um enorme valor histórico e científico, mas não financeiro.
Isso porque, de acordo com a legislação brasileira (expressa no Decreto-Lei Nº 4.146/1942), fósseis são considerados patrimônios históricos e, portanto, propriedade da nação. Após descobertos, tanto o sítio paleontológico quanto os fósseis encontrados nele são tombados. Em outras palavras, são reconhecidos pelo seu valor histórico e cultural pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), na categoria de monumentos naturais. Por esse motivo, é considerado crime extrair fósseis sem autorização do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), assim como vender, comprar ou até mesmo destruir fósseis encontrados.
Após todo esse processo, os fósseis ficam depositados em acervos de museus naturais, onde todos podem acessá-los: seja para estudar ou para conhecê-los de perto.
Onde o paleontólogo atua?
A paleontologia é uma profissão essencialmente voltada para a pesquisa. Por isso, as universidades, institutos de pesquisa e museus são os principais empregadores dos paleontólogos no Brasil. Além disso, paleontólogos também podem atuar junto a órgãos públicos de preservação de patrimônio histórico e de conservação da natureza.
Já na iniciativa privada, os paleontólogos costumam atuar em empresas de geologia e em laboratórios de análises de fósseis.
Como se tornar um paleontólogo?
No Brasil, não existe um curso de graduação em paleontologia. Assim, para se tornar um paleontólogo é preciso se especializar nesta área durante a pós-graduação.
Mas e a graduação? Lembra que mencionamos que a paleontologia está na interseção das ciências da terra e das ciências biológicas? Aí estão duas opções para começar a trilhar seu caminho em direção à paleontologia: os cursos de Geologia ou de Biologia.
Mas essas não são as únicas opções, afinal: a paleontologia está em diálogo constante com várias outras nas suas subáreas. Existem vários paleontólogos que possuem formação nas ciências exatas (por exemplo, em Matemática) e outros em ciências humanas.
O que é determinante para você poder atuar como paleontólogo é o seu estudo na pós-graduação (mestrado e doutorado). De acordo com a Sociedade Brasileira de Paleontologia, existem hoje no país cerca de 30 programas de pós-graduação que incluem a paleontologia nas suas linhas de pesquisa. Todos eles estão dentro de universidades públicas, sendo que o maior número de programas se encontram na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que cuida do Museu Nacional, e na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Está em tramitação na Câmara dos Deputados desde 2019 o Projeto de Lei nº 791/2019 que regulariza a profissão de paleontólogo. Atualmente, o PL está sendo analisado pela Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP). Se aprovado no congresso e sancionado pelo presidente da república sem mudanças no texto apresentado, a profissão de paleontólogo fica restrito àqueles:
- que possuem pós-graduação (mestrado ou doutorado) em paleontologia e com experiência de ao menos 2 anos de atividades científicas na área; ou,
- diplomados em cursos superiores ou pós-graduações em áreas distintas da paleontologia, mas que possuem ao menos 5 anos de atividades científicas no campo profissional da paleontologia; ou,
- tenham concluído especialização em paleontologia e possuem ao menos 3 anos de atividades científicas no campo profissional da paleontologia.