Ao realizar uma pesquisa científica, o pesquisador se apropria de métodos e processos de análise para resolver um problema. Para isso, entender de que forma se configura o fenômeno ou evento investigado é muito importante. Suas características e a intenção do pesquisador que definem quais são os métodos mais apropriados para a sua realização.
Neste artigo, vamos falar sobre um tipo de pesquisa que busca soluções imediatas para problemas de determinadas realidades. Estamos falando da pesquisa aplicada. Neste artigo, falamos mais sobre as suas características e como colocá-la em prática. Além disso, selecionamos exemplos prontos de diversos tipos de trabalhos acadêmicos que usam essa pesquisa. Confira!
A classificação das pesquisas científicas
Uma pesquisa científica é um procedimento racional e sistemático, cujo objetivo é descobrir e interpretar fatos ou fenômenos inseridos em uma determinada realidade. Ou seja, ela propicia respostas a problemas propostos através de um exame minucioso.
No entanto, isso não quer dizer que todas as pesquisas se utilizem dos mesmos procedimentos ou etapas durante esta investigação científica. Pesquisas diferentes possuem objetos de estudos distintos e, consequentemente, objetivos também distintos. Por isso, foram criadas classificações diferentes para elas. Trata-se de classificações abrangentes e que se complementam na especificações de como a pesquisa se desenvolverá. De acordo com Antonio Carlos Gil,
Quando o pesquisador consegue rotular seu projeto de pesquisa de acordo com um sistema de classificação, torna-se capaz de conferir maior racionalidade às etapas requeridas para sua execução. O que pode significar a realização de pesquisa em tempo mais curto, a maximização da utilização de recursos e certamente a obtenção de resultados mais satisfatórios. (2010: 26).
Assim, as classificações dizem respeito à abordagem, natureza, objetivos e procedimentos adotados pelo pesquisador na sua investigação.
Quando falamos em abordagem, nos referimos ao tipo de visão que o pesquisador coloca sobre o seu objeto de pesquisa, que pode ser qualitativa, quantitativa ou até mesmo quali-quantitativa.
Já os objetivos estão ligados a que tipo de dado o pesquisador pretende levantar sobre aquele objeto de estudo, que pode ser descritivo, exploratório ou explicativo. Os procedimentos dizem respeito aos processos de coleta e análise de dados que serão adotados no estudo. E, por último, a natureza se refere à utilização dos resultados ao final da pesquisa.
Quando falamos em pesquisa básica ou aplicada, nos referimos justamente à finalidade da pesquisa.
O que é uma pesquisa aplicada?
De modo geral, uma pesquisa aplicada é aquela cujo objetivo geral envolve a resolução imediata de problemas específicos de uma situação particular. Ou seja, que possui aplicação prática prevista no seu pré-projeto. Mas isso não significa que a pesquisa aplicada não possua uma parte teórica. Só que esta parte se direciona à obtenção de conhecimentos visando à aplicação em uma situação. De acordo com Antônio Carlos Gil, a pesquisa aplicada “abrange estudos elaborados com a finalidade de resolver problemas no âmbito das sociedades em que os pesquisadores vivem” (2010).
Ela se diferencia da pesquisa básica, também chamada de “pura”, cujos conhecimentos gerados são amplos (não localizados) e úteis para o avanço da ciência, mas que não tem aplicação prática prevista. Mas, mesmo que a pesquisa básica não se dirija à resolução de um problema prático imediato, isso não significa que o conhecimento gerado por ela nunca possa ser aplicado à resolução de um problema no futuro. Simon Schwartzman descreve a pesquisa básica como “aquela que acumula conhecimentos e informações que podem eventualmente levar a resultados acadêmicos ou aplicados importantes, mas sem fazê-lo diretamente” (1979). Por outro lado, o autor define a pesquisa aplicada como “aquela que tem um resultado prático visível em termos econômicos ou de outra utilidade que não seja o próprio conhecimento”.
Assim, apesar das diferenças, essas pesquisas não são exatamente opostas nem excluem uma à outra. Na verdade, ambas são importantes para o avanço da ciência. E, inclusive, podem ser abordadas em um mesmo projeto de pesquisa científica, com uma etapa básica ou teórica e outra aplicada ou prática. Afinal, uma pesquisa sobre problemas práticos imediatos pode levar à descoberta de conhecimentos científicos. Ao passo que uma pesquisa teórica pode fornecer conhecimentos passíveis de aplicação prática imediata.
Como fazer uma pesquisa aplicada: conheça o passo a passo
1. Identificação do problema de pesquisa
Ao iniciar a sua pesquisa científica de natureza aplicada, a primeira coisa a se fazer é reconhecer que há problema dentro do tema que você pretende investigar. Ou seja, uma situação específica que necessita de uma solução para funcionar da maneira adequada. Em seguida, se levanta os principais elementos daquela realidade: seus detalhes de funcionamento, os sujeitos que estão inseridos nela e os problemas apresentados.
Com estas informações, é possível delimitar o problema a ser resolvido e definir os objetivos da pesquisa e quais os passos necessários para que sua aplicação seja efetiva. Assim como em outras metodologias de pesquisa, é neste momento em que se definem as hipóteses. E a forma de coleta, analise e avaliação os dados ao longo da pesquisa.
2. Pesquisa de fontes teóricas sobre o tema
Como já falamos anteriormente, a pesquisa aplicada não exclui a busca por conhecimentos elaborados anteriormente. Assim, a pesquisa por fontes teóricas é fundamental em qualquer tipo de pesquisa científica.
Portanto, esta etapa é o momento de buscar fontes que te forneçam conhecimento sobre o tema e o problema que você pesquisa.
3. Planejamento de ações de resolução de problemas
Nesta fase, define-se quais procedimentos serão colocados em prática para chegar ao objetivo da pesquisa. Como irá realizar a coleta de dados sobre a situação atual do problema, de que forma se analisará esses dados. Em seguida, realiza-se o planejamento das ações para a resolução do problema, assim como a coleta de dados e análise do momento pós-aplicação.
4. Implementação das ações planejadas
É nesta fase onde executa-se o plano de ação realizado de forma participativa anteriormente. Assim como na fase anterior, realiza-se a coleta de dados, acompanhando os efeitos que a mudança traz sobre aquela situação investigada.
5. Avaliação dos resultados da aplicação
Após a implementação do plano de ação, é necessário entender os seus efeitos e a sua efetividade na eliminação do problema. Esta fase envolve uma reflexão sobre os resultados da aplicação da pesquisa, tanto os intencionais como os não-intencionais. Dessa forma, ao avaliar, faz-se uma revisão sobre todo o processo da pesquisa. Assim como a implementação, os resultados de curto prazo e os impactos da intervenção a longo prazo para aquela realidade.
Exemplos de Trabalhos de Conclusão de Curso que utilizam pesquisa aplicada
Agora separamos alguns exemplos de trabalhos acadêmicos que usam a pesquisa aplicada para você entender melhor como fazer a sua. Confira alguns:
O TCC do curso de Comunicação Social-Relações Públicas, “Planejamento de comunicação interna: Unimed Centro-Oeste Paulista”, busca elaborar um plano de reestruturação e inclusão de estratégias para a integração da comunicação interna de uma organização privada de saúde.
Já no TCC do curso de Matemática, “Modelagem matemática aplicada a precificação de opções” tem como objetivo aplicar as etapas da Modelagem Matemática na Precificação de Opções, para tomada de decisões no investimento de uma usina hidrelétrica. Por outro lado, o TCC “Análise da lucratividade por linha de produto: pesquisa-ação aplicada em conjuntos cirúrgicos” utiliza a pesquisa aplicada na área das ciências contábeis. Já no curso de administração, o TCC “Qualidade de Vida no Trabalho: uma pesquisa aplicada na Controladoria Geral da União no Estado de Santa Catarina”.
Esperamos ter tirado suas dúvidas sobre pesquisa aplicada. Continue acompanhando nosso site para mais conteúdos sobre os diferentes tipos de pesquisa acadêmica!