Pesquisa descritiva: o que é e como se aplica em pesquisas científicas

Uma pesquisa científica elabora-se através de métodos. Ou seja, através de técnicas e procedimentos de coleta e análise de dados. Os métodos são escolhidos pelo pesquisador de acordo com o seu objeto de investigação científica.

No post de hoje, vamos falar sobre o que é uma pesquisa descritiva e quais são os métodos utilizados para alcançar os objetivos dela. Confira!

A classificação das pesquisas científicas

As pesquisas científicas podem ser classificada em relação à abordagem (em outras palavras, o caminho que a investigação seguirá); em relação à natureza (ou seja, a sua finalidade); aos procedimentos (quais as técnicas e processos utilizados); e, por fim, em relação aos objetivos da investigação.

Confira abaixo quais são os tipos de pesquisa de acordo com estas classificações:

Quanto à abordagem:

  • Qualitativa; ou
  • Quantitativa.

Quanto à natureza:

  • Básica; ou
  • Aplicada.

Quanto aos procedimentos:

  • Experimental;
  • Bibliográfica;
  • Documental;
  • Pesquisa de Campo;
  • Ex-post-facto;
  • Levantamento;
  • Survey;
  • Estudo de caso;
  • Participante; ou
  • Pesquisa-Ação.

Quanto aos objetivos:

  • Exploratória;
  • Descritiva; ou
  • Explicativa.

O que é uma Pesquisa Descritiva?

Uma pesquisa descritiva pretende descrever com exatidão os fatos ou fenômenos investigados de uma determinada realidade. Augusto Trviños aponta em “Introdução à pesquisa em Ciências Sociais” que:

O foco essencial destes estudos reside no desejo de conhecer a comunidade, seus traços característicos, suas gentes, seus problemas, suas escolas, seus professores, sua educação, sua preparação para o trabalho, seus valores, os problemas do analfabetismo, a desnutrição,as reformas curriculares, os métodos de ensino, o mercado ocupacional, os problemas do adolescente etc.”

Assim, a pesquisa descritiva é um tipo de investigação científica muito utilizada na área das ciências humanas e sociais. O objeto de investigação de uma pesquisa descritiva pode ser, por exemplo, uma população, uma empresa, um governo ou uma situação. Mas isso não significa que a pesquisa descritiva se aplica somente às ciências humanas. Isso porque a pesquisa descritiva é bastante abrangente, permitindo o estudo de comportamentos, transformações, reações químicas, entre outros tipos de observações.

A descrição está relacionada à coleta, ordenação e classificação de dados referentes a uma realidade. Apesar da principal tarefa de uma pesquisa descritiva ser, de fato, descrever um fenômeno, ela não precisa se limitar somente a isso. É possível também em uma pesquisa descritiva, estabelecer relações entre variáveis observadas e descritas ao longo do estudo.

Entretanto, como o seu objetivo é justamente descrever fatos, esta pesquisa não tem compromisso em explicar os fenômenos observados. Mesmo que a descrição realizada possa ser utilizada como base para uma explicação ou para a formulação de hipóteses.

Para que a pesquisa descritiva tenha validade científica, o pesquisador precisa delimitar suas técnicas, seus métodos, modelos e as teorias que irão orientá-lo na sua investigação. Desde a coleta até a interpretação dos dados. Dessa forma, delimita-se claramente a população, a amostra, assim como os objetivos, os termos, variáveis e hipóteses da pesquisa.

As críticas sobre a Pesquisa Descritiva

De acordo com Triviños, é preciso se faça um exame crítico e minucioso sobre as informações coletadas na pesquisa descritiva. Informações manipuladas voluntária e involuntariamente que não são verificadas pelo pesquisador podem comprometer todo o estudo realizado. Levando, por exemplo, a resultados equivocados.

De acordo com o autor, os estudos descritivos são também alvo de muitas críticas de pesquisadores. Isso acontece porque a pesquisa descritiva partir da observação dos fenômenos, o que é dificilmente verificável. Além disso, ela possui técnicas de coletas de dados considerados subjetivos. Segundo os críticos, estas características podem gerar imprecisões na descrição dos fenômenos.

O que diferencia a Pesquisa Descritiva da Exploratória e da Explicativa?

Como pudemos ver nas classificações das pesquisas quanto aos seus objetivos, uma pesquisa pode ser exploratória, descritiva ou explicativa. Já explicamos o que é uma pesquisa descritiva. Mas o que ela tem de diferente da pesquisa exploratória e da explicativa?

Confira um breve apresentação da pesquisa exploratória e explicativa:

Pesquisa exploratória

Uma pesquisa exploratória busca proporcionar mais familiaridade com o problema investigado. Seu objetivo é tornar o problema ou tema mais explícito à comunidade científica e construir hipóteses sobre ele. Dessa maneira, a pesquisa exploratória realiza-se quando não há muitos dados ou estudos preliminares a respeito do tema. Sua principal preocupação é apresentar bases para pesquisas futuras sobre o assunto que poderão descrever o fenômeno com mais detalhes ou buscar explicações sobre ele.

Assim, a pesquisa exploratória é associada aos seguintes procedimentos: a pesquisa bibliográfica e o estudo de caso. Os passos da pesquisa costumam envolver:

  1. Levantamento bibliográfico;
  2. Entrevistas com sujeitos que tiveram experiência prática com o problema investigado; e
  3. Análise dos exemplos levantados.

Pesquisa Explicativa

Uma pesquisa explicativa é interessada no porquê da questão ou do problema investigado. Através dela, identifica-se os fatores que determinam (ou que contribuem) para que um fenômeno ou fato ocorra. Por esse motivo, é uma pesquisa que contém um maior grau de complexidade, sendo mais comum em dissertações ou teses. Um fator importante da pesquisa explicativa é que ela costuma se basear pesquisas que já realizaram a familiarização e a descrição dos fatos ou fenômenos investigados. Ou seja, ela pode ser a continuação direta de uma pesquisa descritiva.

As pesquisas explicativas podem ser classificadas da seguinte maneira: Pesquisa experimental e ex-post-facto.

Como podemos perceber pelas explicações acima, cada pesquisa está relacionada com um momento de entendimento do fenômeno estudado. Dessa forma, podemos afirmar que uma pesquisa é consequência lógica da outra.

A pesquisa exploratória representa um primeiro momento, quando o fenômeno é observado, mas não há muitas informações disponíveis sobre ele. Em um segundo momento, a pesquisa descritiva dá um olhar mais apurado na investigação, descrevendo as características do fenômeno e estabelecendo relações com suas variáveis. Finalmente, a pesquisa explicativa explica a razão pelo qual o fenômeno se apresenta de determinada forma. Ou seja, explica o por quê das coisas.

Isso não significa, no entanto, que as pesquisas se esgotam ao final destas investigações. É preciso lembrar que o conhecimento científico tem um caráter provisório. Dessa forma, ele é continuamente testado, reformulado e enriquecido com novas investigações, hipóteses e conclusões!

Os procedimentos na pesquisa descritiva

Em relação aos procedimentos utilizados na pesquisa descritiva, destacam-se três tipos entre aqueles listados no início deste artigo. São eles: os Estudos de caso; as Pesquisas documentais e as Pesquisas ex-post-facto. Baixo, vamos falar brevemente sobre elas e dar exemplos de como pode ser empregadas para a descrição de fenômenos:

Estudo de caso

Pesquisa realizada através da descrição profunda de um contexto real. O pesquisador tem como objetivo observar e levantar os dados relativo a um problema. Dessa maneira, ele não tem a pretensão de intervir sobre aquela realidade, mas de revelá-la tal como a percebe.

Como uma pesquisa descritiva, o estudo de caso deve fornecer conhecimento de uma determinada realidade. Os resultados da pesquisa poderão ser utilizados posteriormente em outras pesquisas.

Confira um exemplo de estudo de caso:

Estudo de caso: Atuação do fisioterapeuta no pós-operatório de artroplastia total de joelho em um paciente com hemofilia A na Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas – FHemoam, de Geissa Cordovil Maia e Dayane Priscila Maia Mejia.

Pesquisa documental

A investigação de um fato ou fenômeno, na pesquisa documental, realiza-se através de fontes primárias diversas. Nesse sentido, considera-se fontes primárias todos aqueles documentos que elucidem questões pesquisadas. Por exemplo, são considerados fontes primárias: cartas, jornais, revistas; relatórios oficiais, comunicados; fotografias, pôsteres, pinturas, tapeçarias; filmes e vídeos.

A pesquisa documental é muito utilizada como método de pesquisas no campo das ciências humanas e sociais como na Economia, Ciência política, Sociologia, Educação, História e Arqueologia.

Assim, confira um exemplo de pesquisa documental:

“Análise Documental de obras de ficção: aspectos metodológicos de aplicabilidade”, de Deise Maria Antonio e João Batista Ernesto de Moraes.

Pesquisa ex-post-facto

Pesquisa realizada sobre um fato ou fenômeno após a ocorrência dele. O seu objetivo é não só descrever, mas determinar de que maneira e por que o fenômeno ocorre. Uma característica marcante da pesquisa ex-post-facto é a impossibilidade do pesquisador em controlar as variáveis da investigação. Isso acontece justamente pelas manifestações do fato já terem ocorrido.

Confira um exemplo de pesquisa ex-post-facto:

“Autoconsciência, religiosidade e depressão na formação presbiteral em seminaristas católicos: um estudo ex-post-facto”, de Alexsandro Medeiros do Nascimento e Rafael Amorim de Paula

Coleta de dados na pesquisa descritiva

A coleta de dados é um passo importantíssima em uma pesquisa científica. É através da coleta de dados que o pesquisador reúne informações que irão auxiliar na investigação do seu objeto de pesquisa.

Nas pesquisas descritivas, a coleta de dados é realizada principalmente através de três técnicas: as entrevistas (pessoais ou por telefone), os questionários (pessoais, via correios ou digital) e as observações. Saiba mais sobre cada uma destas técnicas:

Observação

Uma boa observação se faz com organização, rigor e critério. Somente dessa forma, considera-se a informação obtida válida para a descrição e análise dos fenômenos investigados. Dessa forma, é necessário planejamento de como estas observações serão feitas e quais aspectos do fenômeno serão observados.

Confira um roteiro de planejamento de observação:

  1. Onde: qual o local e situação em que se realizará a observação;
  2. Quando: em que momento se realizará a observação;
  3. Quem: quais serão os objetos ou sujeitos da observação;
  4. O quê: quais circunstâncias ou comportamentos serão observados; e
  5. Como: quais técnicas de observação e registros serão utilizados.

Questionário

O questionário constitui-se por uma série de perguntas escritas. Quem respondem ao questionário são os sujeitos envolvidos no fato ou fenômeno estudado.

Para a construção das questões, antes de mais nada, é imprescindível ter clareza sobre os objetivos da pesquisa. Além disso, a formulação das perguntas depende da forma como o questionário é aplicado, qual o tema da investigação; qual a amostra atingida; qual a interpretação pretendida dos fatos.

Além disso, é importante tomar uma série de cuidados na formulação de questionários para que o participante consiga responder às questões sem grandes problemas. Portanto, instruções devem o questionário. Além disso, o questionário precisa ser composto por perguntas simples de entender; evitar formulações ambivalentes, sugestivas ou indiscretas; e, principalmente, considerar o grau de conhecimento dos entrevistados.

Entrevistas

Por fim, uma entrevista consiste no encontro entre o pesquisador-entrevistador e um ou mais entrevistado com o objetivo de colher informações. O registro desta coleta de dados acontece através de anotações escritas do entrevistador ou de gravações de áudio ou vídeo.

Realiza-se através de um roteiro de perguntas previamente estabelecidas ou de uma forma mais livre, sem perguntas estabelecidas. Mas, vale ressaltar que, mesmo entrevistas sem pauta pré definida, o entrevistado é direcionado a falar sobre o tema investigado.

Esperamos ter tirado dúvidas a respeito do que é e como fazer uma pesquisa descritiva. Continue acompanhando nossos conteúdos para saber mais sobre outros tipos de pesquisas acadêmicas!