Projeto integrador: saiba o que é e como fazer o seu

O uso de metodologias ativas, que colocam os alunos no centro do ensino-aprendizagem vem ganhando cada vez mais força. Nesse modelo, são eles que investigam problemas da realidade e buscam soluções articulando seus conhecimentos e habilidades em diferentes disciplinas. E é exatamente esta a proposta de um Projeto Integrador.

Mais acostumados com provas e trabalhos individuais ao final do semestre, o Projeto Integrador pode até parecer um bicho de sete cabeças, mas não é! Neste artigo, te apresentamos o que é e como tirar uma ótima nota no seu Projeto Integrador.

Confira!

O que é um projeto integrador?

Projeto Integrador ou Projeto Interdisciplinar é um tipo de trabalho acadêmico que privilegia a interdisciplinaridade e aproxima a teoria da prática profissional. Assim, diferente de um trabalho de final de semestre de disciplina normal, o projeto integrador reúne todas as disciplinas e conteúdos daquele período. Por isso mesmo o chamamos de integrador: pois é um trabalho que articula os conhecimentos adquiridos nas diferentes disciplinas do semestre.

Levando tudo isso em consideração, o PI é mais complexo e trabalhoso do que um trabalho normal de fim de semestres. Por isso mesmo ele costuma ser elaborado em grupos de alunos, sempre sob a orientação de um professor.

Ele é bastante adotado na matriz curricular de cursos de Ensino Técnico Integrado ao Ensino Médio e também em cursos de Graduação e Pós-Graduação Lato Sensu (especialização). Assim, podem mudar os temas e a complexidade do trabalho, mas o objetivo é o mesmo: identificar um problema e propor uma solução para ele.

Projeto integrador é o mesmo que TCC?

Antes de avançarmos, é importante esclarecer essa dúvida. Apesar de articular os conhecimentos adquiridos nas diferentes disciplinas do curso, o PI não é o mesmo que TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Ou seja, fazer um PI não te isenta de fazer o TCC no final do curso.

O TCC é um trabalho cujo seu objetivo é conferir as habilidades de pesquisa, reflexão, interpretação e elaboração na área do conhecimento que o curso se insere ao final do período de formação do aluno. Por outro lado, o PI pode ser realizado em qualquer semestre, articulando as habilidades trabalhadas até o momento no curso. Inclusive, em cursos de graduação tecnológica que adotam esse modelo de trabalho, é comum que todos os semestres os alunos façam um PI, sendo cada um uma etapa de um projeto mais amplo.

O que nos leva a outro ponto importante: o PI geralmente é voltado para o mercado de trabalho, enquanto o TCC pode se focar também em temas mais teóricos. Por outro lado, o PI costuma ter um tema transversal pré-estabelecido pela coordenação do curso. Ou seja, é obrigatório que todos os grupos sigam o tema escolhido. No TCC, ocorre o contrário: o trabalho é quase sempre individual e a escolha do tema é uma das tarefas do aluno. Então cada aluno, pode fazer um trabalho final sobre um tema diferente.

No entanto, é importante ressaltar que a experiência de fazer um PI é bastante parecida com a de um TCC. Afinal, o PI tem uma metodologia baseada na solução de problemas a partir da união entre a teoria científica da área e a prática. Em outras palavras: trata-se de um trabalho que utiliza o método científico para solucionar problemas da realidade – exatamente o que é esperado de um TCC.

Portanto, depois de fazer um (ou vários) PI durante o curso, toda a apreensão de fazer o TCC vai embora.

A metodologia do Projeto Integrador

O PI se baseia em duas metodologias de ensino-aprendizagem: a ABPP (Aprendizagem baseada em problemas e por projetos) e o DT (Design Thinking). Embora tenham suas particularidades, ambas as metodologias tem alguns pressupostos em comum, sendo eles:

  • Aprendizagem ativa;
  • Fomento à autonomia do aluno;
  • Trabalho coletivo colaborativo;
  • Identificação de problemas em contextos reais na sua área de estudos;
  • Fomento à capacidade de aplicação de conceitos e teorias de forma integrada em sala de aula;
  • Capacitação do aluno na elaboração de um trabalho científico usando metodologias adequadas;
  • Busca por soluções centradas no ser humano; e
  • Incentivo à criatividade.

Com isso, a realização do PI acaba se dividindo em duas grandes etapas: a identificação de problemas e a proposta de soluções para eles. Vamos falar com mais detalhes sobre ambos a seguir:

Etapa 1: Identificação de problemas

Cada grupo deve fazer uma imersão no tema amplo proposto pela coordenação do curso. A primeira coisa a se saber então, é que nenhum grupo ou projeto conseguirá esgotar as discussões sobre aquele tema, então é preciso delimitá-lo.

O primeiro passo, então, é pesquisar literatura científica sobre ele e também entender como ele se aplica na realidade (quais ambientes e sujeitos impactam, por exemplo). Entrar em contato com essa realidade (visitar localidades/estabelecimentos) também é importante nesta etapa.

A partir daí, é possível produzir recortes no tema e focar em um problema específico a ser solucionado durante o semestre.

Etapa 2: Encontrar soluções

Uma vez que o problema está definido, é hora de pesquisar mais sobre ele e procurar soluções. Mas como o projeto integrador não fica só na teoria, é justamente aqui que entra a prática. É por isso que o próximo passo dessa etapa envolve a prototipagem. Isso significa que as soluções propostas precisam passar por testes e aprimoramento. E, para isso, é necessário construir protótipos, isto é, modelos preliminares.

Então, se o projeto integrador envolver a construção de um produto, por exemplo, é nesse momento em que as propostas de produto são colocadas à prova. Ah, e não falamos só de produtos físicos, hein? Produtos digitais, como  softwares e peças de publicidade e marketing digital também são formas de solucionar um problema, dependendo do tema e do curso.

O acompanhamento é essencial para a realização do Projeto Integrador!

É importante ressaltar que todo esse percurso é realizado dentro de um período de tempo específico, determinado pela coordenação do curso. Assim, é preciso estar atento ao calendário e também respeitar o cronograma. Pois é normal que os grupos tenham que se reunir com o professor orientador (ou um monitor) para conversar sobre o andamento do projeto. E até mesmo fazer a entrega de relatórios parciais ou diários de bordo do projeto. Ou seja, não dá para fazer tudo correndo e fazer só a entrega final!

A escrita do Projeto Integrador

E lembra que falamos que o projeto integrador é um tipo de trabalho acadêmico? O trabalho escrito é obrigatório em todo trabalho acadêmico. Através dele que temos a documentação do que foi feito, como foi feito e quais foram os resultados obtidos.

O documento final do PI é um relatório, escrito de maneira semelhante aos outros trabalhos acadêmicos. Por isso, deve seguir as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Isso significa que a organização do trabalho se organiza em três partes, sendo elas:

Elementos pré-textuais: onde há a identificação do projeto. Embora tenha diversos elementos obrigatórios e detalhes na formatação, é a menor parte do trabalho. Capa (obrigatório);

Elementos textuais: trata-se do trabalho em si, onde o tema é apresentado, as soluções propostas e testadas. Por isso mesmo, todos os seus itens são obrigatórios.

Elementos pós-textuais: por fim, tudo o que complementa a leitura do trabalho.

Apresentação do Projeto Integrador

Além do relatório escrito, os alunos também apresentam obrigatoriamente o projeto aos professores envolvidos e os colegas de classe e de curso. Essa apresentação pode ser feita presencial ou virtualmente em um seminário, feira ou exposição de resultados de forma oral ou até mesmo numa publicação impressa ou digital, contendo resumos dos projetos de cada grupo. Tudo depende da forma como a instituição organiza o seu projeto integrador.

Por mais que alguns alunos sintam vergonha ou nervosismo ao apresentarem seus trabalhos, trata-se de uma etapa importante. Pois é uma oportunidade para que os diferentes grupos, professores e até membros da comunidade externa estabeleçam trocas de ideias sobre o tema e o problema em questão.

Como ocorre a avaliação de um Projeto Integrador?

Como todo trabalho de curso, o Projeto Integrador também vale nota! Mas como funciona a avaliação de um Projeto Integrador?

Isso varia de instituição para instituição. No entanto, recomenda-se que a avaliação não se limite somente ao relatório final, mas leve em consideração os relatórios parciais, diários de campo e o acompanhamento do projeto ao longo do semestre. E também da apresentação final. A ideia é conferir se o grupo (e os alunos individualmente) adquiriram as competências propostas no Projeto Integrador.