A revisão de literatura é um dos tipos de pesquisa mais comuns na comunidade acadêmica. É bem improvável, inclusive, que um aluno consiga passar por uma graduação sem realizar uma revisão de literatura, seja em trabalhos para disciplinas ou no seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Mas isso não significa que não existam dúvidas sobre o que é uma revisão de literatura e quais são as suas características.
Neste artigo, vamos falar sobre o que é uma revisão de literatura, quais são os tipos e os passos indispensáveis para fazer a sua. Confira!
O que é a revisão de literatura?
Embora este tipo de pesquisa seja mais conhecida como Revisão de literatura, é possível que você a conheça por outros títulos. Como Estado da arte, Levantamento bibliográfico, Revisão bibliográfica, Estudo bibliométrico, Meta-análise…
No entanto, todos se referem ao processo de busca, análise e descrição do conhecimento sobre determinado tema, a fim de encontrar a resposta para um problema de pesquisa. Assim, a revisão de literatura possui dois propósitos claros:
- Contextualizar o problema; e
- Analisar as possibilidades presentes na literatura para a construção de um referencial teórico.
Trata-se, portanto, de uma etapa fundamental de qualquer pesquisa científica, independente da área do conhecimento, do tema escolhido ou dos procedimentos adotados para a coleta e análise de dados. Afinal, o conhecimento científico é um processo histórico e social. Isso significa que nenhum sujeito constrói um conhecimento totalmente novo. Dessa forma, todo conhecimento novo é, na verdade, um aprofundamento do conhecimento anterior. Por esse motivo, conhecer e analisar a literatura sobre o tema é indispensável para realizar uma busca pela resposta a um problema de pesquisa.
Mas quais literaturas analisar? Na produção científica, a literatura se refere a todo tipo de publicação científica relevante para o tema escolhido. Livros, monografias, dissertações, teses, artigos científicos, relatórios técnicos e administrativos são os exemplos mais conhecidos de literatura presentes em uma revisão.
Mas vale ressaltar que só devem ser considerados estudos primários, ou seja, pesquisas científicas que forneçam dados e interpretações originais, que não sejam provenientes de um estudo anterior. A própria revisão de literatura é considerado um estudo secundário, cujos dados vem de estudos primários.
Tipos de revisão de literatura
Não existe uma única forma de se fazer uma revisão de literatura. A forma como se realiza uma revisão de literatura depende do objetivo da pesquisa e são definidas de acordo com o seu método de elaboração. Abaixo, descrevemos em detalhes os três tipos de revisão de literatura:
Revisão narrativa ou Estado da Arte
Trata-se do tipo mais popular de revisão de literatura, adequada para a fundamentação teórica de trabalhos acadêmicos. Tem como objetivo descrever de que forma o tema escolhido foi tratado em publicações anteriores, assim como os avanços mais recentes.
Neste tipo de revisão, a busca pela literatura não utiliza critérios explícitos ou sistemáticos. Ao mesmo tempo, não se propõe a localizar a totalidade da literatura sobre o tema. A seleção das publicações está sujeita à subjetividade do pesquisador. Por conta disso, é comum encontrar revisões narrativas que envolvam uma discussão mais geral do tema. Isso não quer dizer, no entanto, que não seja possível realizar uma revisão narrativa sobre uma pergunta-problema.
Mas o estabelecimento de conexões entre as publicações encontradas é um passo importante deste tipo de revisão. Dessa forma, é possível identificar temáticas recorrentes (ou não) no conjunto de publicações, encontrar aspectos pouco explorados e apontar novas perspectivas.
Confira os passos para realizar uma revisão de literatura:
- Identificação do tema;
- Seleção da hipótese ou pergunta-problema (opcional);
- Busca de publicações potencialmente elegíveis;
- Avaliação crítica das publicações através da leitura dos títulos e resumos e, posteriormente, do texto completo;
- Coleta de dados relevantes das publicações;
- Interpretação dos resultados; e, por fim,
- Apresentação da revisão.
Revisão sistemática
Por outro lado, a chamada revisão sistemática parte necessariamente de uma pergunta clara a ser respondida ou até mesmo de uma hipótese a ser testada. Trata-se de uma forma de revisão organizada, que possui uma estratégia de busca e critérios para inclusão e exclusão de publicações no seu escopo. Por isso, as revisões sistemáticas são metódicas, explícitas e passíveis de reprodução, assim como uma investigação científica. Pode-se adotar este tipo de revisão de literatura, por si só, como um tipo de pesquisa acadêmica.
Dada sua organização, a revisão sistemática visa o agrupamento de uma grande quantidade de resultados, ou seja, de publicações. Há um esforço para coleta e análise da completude da literatura publicada, que pode ter recortes, como o de época ou origem, por exemplo.
Mas não trata-se somente da coleta do material. As publicações encontradas passam por uma análise criteriosa de qualidade metodológica e de viés. Caso sejam considerados relevantes para a pesquisa, os dados presentes nelas são coletados e analisados, sempre buscando responder a pergunta-problema.
Outro ponto importante é a possibilidade de aplicação da meta-análise na revisão sistemática. A meta-análise é um método estatístico de revisão, que combina os resultados de estudos primários. Com a meta-análise, pode-se extrair uma síntese sobre o conjunto da pesquisa. Uma vez em que os resultados são transformados em uma medida comum e inseridos num banco de dados qualitativo. Assim, é possível calcular a dimensão geral dos resultados encontrados.
Revisão integrativa
É muito comum que as pessoas conheçam a revisão narrativa e sistemática, mas nunca tenham ouvido falar da revisão integrativa. Trata-se de um tipo de revisão criteriosa que busca os melhores conhecimentos produzidos sobre um tema, assim como a revisão sistemática. No entanto, a revisão integrativa possui uma abordagem mais ampla, permitindo a inclusão de diversos métodos de pesquisa na seleção e avaliação de literatura.
Ao integrar dados de diferentes metodologias (teórica e empírica, por exemplo), este tipo de revisão permite uma compreensão completa e consistente sobre o problema pesquisado. Assim, os objetivos da revisão integrativa também se expandem em relação às demais. A partir dela, é possível definir conceitos, revisar teorias e evidências e também analisar problemas metodológicos.
Por serem revisões criteriosas, os passos para a revisão sistemática e integrativa são similares. Sendo eles:
- Identificação do tema;
- Seleção da hipótese ou pergunta-problema;
- Elaboração da estratégia de busca e dos critérios de avaliação das publicações;
- Busca de publicações potencialmente elegíveis a partir dos critérios estabelecidos;
- Avaliação da elegibilidade das publicações através da leitura dos títulos e resumos e, posteriormente, do texto completo;
- Avaliação da qualidade metodológica e dos riscos de viés dos estudos;
- Coleta de dados relevantes das publicações;
- Realização da meta-análise (somente na revisão sistemática, se for aplicável);
- Interpretação dos resultados; e, por fim,
- Apresentação da revisão.
Onde encontrar publicações para a sua revisão de literatura
Uma das principais dificuldades de jovens pesquisadores está justamente na busca por publicações potencialmente elegíveis para a revisão que estão realizando.
Através dos repositórios institucionais das universidades, é possível encontrar os arquivos digitais de monografias, dissertações e teses produzidas nas instituições com mais facilidade. O mesmo acontece com artigos publicados em revistas científicas, cujos arquivos podem ser acessados nos sites oficiais deste periódicos ou através do Periódicos Capes.
Além disso, existem bancos de dados científicos, que reúnem publicações das mais diversas instituições de ensino do Brasil, como é o caso da BDTD. Outras instituições também possuem os seus arquivos de produção científica, como a Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados.
Mas se você está buscando produção internacional, não deixe de conferir o ISI Web Knowledge; a SciELO; o Directory of Open Access Journals; o Google Academico; o Microsoft Academic Search e o HighBeam.
E vale ressaltar que algumas áreas do conhecimento também possuem bancos de dados nacionais e internacionais próprios!