Conheça os principais tipos de pesquisas científicas para trabalhos acadêmicos

Se você está pensando em entrar para a faculdade ou está iniciando sua graduação agora, talvez esteja um pouco perdido entre tantos tipos de pesquisas científicas. Neste artigo, você vai poder conhecer mais sobre o assunto com exemplos de tipos de pesquisa científicas mais comum. Confira!

Várias metodologias em pesquisa científica

Todas as pesquisas realizadas academicamente, ou seja, em uma faculdade ou universidade, são consideradas científicas. Isto porque elas se baseiam em teorias e métodos para a obtenção de resultados.

A pesquisa científica pode ser classificada pela metodologia utilizada, variando conforme a estrutura, objetivo e fim a que se destina.

Se categorizarmos uma pesquisa pela sua finalidade, ela pode ser do tipo básico ou aplicado:

Pesquisa básica

Um dos principais tipos de pesquisa para TCC, a pesquisa básica se propõe a aprofundar-se em um saber científico já estudado previamente. O pesquisador vai a fundo em determinado tema, estudando os trabalhos já realizados sobre o assunto e complementa com seu saber ou descoberta. Por se tratar de uma pesquisa teórica, exige vasto estudo bibliográfico. Este tipo de pesquisa pode ainda ser subdividido em duas categorias: a pesquisa básica pura ou estratégica.

A pesquisa básica pura é feita unicamente para fins acadêmicos, sem se propor a alterar a realidade. Trata-se unicamente de um estudo teórico, sem fins de uso futuro para algum tipo de mudança.

Já na pesquisa básica estratégica, o pesquisador tem como objetivo a produção de um saber que possa vir a ser útil no futuro, provocando transformações e solução de problemas.

Pesquisa aplicada

A pesquisa aplicada tem como finalidade a produção de um saber que possa ser aplicado na prática. A pesquisa aplicada pode ser uma inovação ou o aprofundamento de alguma tese apresentada em uma pesquisa teórica anterior. Seu propósito é melhorar uma dada realidade.

A abordagem da pesquisa pode ser também subdividida em tipos de pesquisa qualitativa, quantitativa ou quali-quantitativa. Entenda melhor cada uma delas:

Pesquisa qualitativa

A pesquisa qualitativa estuda algo subjetivo, ou seja, ela está preocupada com comportamento, sentimentos, etc. Os dados colhidos são analisados e interpretados pelo pesquisador. A coleta de informações é feita de forma mais aberta, onde o sujeito pesquisado tem mais espaço para se manifestar, e o grupo investigado pode ser menor.

A investigação na pesquisa qualitativa tem característica mais complexa de dados não mensuráveis através de números. Em geral, ela busca explicar a razão das coisas. Este tipo de pesquisa é mais comum na área de Ciências Humanas.

Pesquisa quantitativa

A pesquisa quantitativa utiliza-se de técnicas de coleta e análise de dados, usando estatísticas criadas em softwares onde os resultados são lançados. Ao pesquisador cabe, então, coletar dados objetivos através de questões fechadas, como múltipla escolha por exemplo. O que importa é a totalidade de respostas de um grupo, e não do indivíduo em particular.

Uma pesquisa quantitativa não apresenta ambiguidade e o pesquisador é apenas um observador, não podendo interferir nos resultados. Os métodos de coleta são inflexíveis e os resultados são apresentados em gráficos e tabelas.

Pesquisa quali-quantitativa (mista)

Este tipo de pesquisa é uma mistura da característica das duas anteriores. Nela, é possível iniciar o estudo levantando dados, e posteriormente fazer uma análise crítica das informações coletadas. Uma pesquisa “quanti-quali” pode também misturar questões mais abertas e fechadas na hora da coleta de dados, trazendo conteúdo objetivo e subjetivo para ser analisados.

Até o momento, você viu que uma pesquisa pode ser básica (pura ou estratégica); quantitativa, qualitativa ou quanti-qualitativa. Agora, a categorização com mais variedades é em relação aos procedimentos usados. Saiba mais a seguir.

Pesquisa descritiva

Dentre os tipos de pesquisa, a descritiva é aquela que utiliza o procedimento de descrever detalhadamente um assunto já conhecido. Nela, o pesquisador é um estudioso observador dos dados, os quais coleta, registra, interpreta e analisa. Ou seja, não se propõe a fazer uma intervenção. Ela pode apresentar a frequência ou as variáveis dos dados.

É comum encontrar exemplos de pesquisa descritiva através dos estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quando obtivermos o número de moradores de uma determinada cidade, por exemplo, com a divisão em grupos por faixa etária, gênero, que estudam ou não, que trabalham ou não, temos acesso ao resultado de uma pesquisa descritiva. Vale lembrar aqui que essa mesma pesquisa, além de ser descritiva (procedimento usado), é também uma pesquisa aplicada (finalidade) e quantitativa (abordagem).

Pesquisa explicativa

Na pesquisa explicativa, o pesquisador coleta e analisa dados de forma a ligar a teoria na prática. Nela, os dados estudados são explicados, transformando em conceitos aquilo que foi evidenciado nos dados levantados. Ela é uma evolução mais detalhada e aprofundada da pesquisa descritiva, comumente usada em teses de mestrado e doutorado, onde se tem por objetivo apresentar teorias novas e inovadoras.

A pesquisa explicativa pode ser usada nas práticas de marketing e vendas para melhorar as estratégias de mercado. Tomemos um exemplo: dentro de determinado curso de graduação em uma faculdade específica, há um índice de desistência de 80% dos que iniciam. Portanto, apenas 20% se formam. Uma pesquisa explicativa pode tomar como base este dado já previamente levantado para analisar e explicar o porquê deste alto índice de evasão.

Pesquisa exploratória

Na pesquisa exploratória, o objeto a ser estudado ainda não está claramente definido. O objetivo é buscar um tema inovador para a ciência, algo ainda não explorado. Ela pode ser a precursora de uma pesquisa explicativa, por exemplo.

Os métodos usados são estudos teóricos, apresentando na literatura o que já existe sobre o assunto, e experimentos práticos. Grandes descobertas científicas são fruto de pesquisas exploratórias.

Este tipo de estudo é muito utilizado nas áreas de política, vendas e marketing.

Pesquisa documental

Este tipo de pesquisa tem como fonte de análise documentos (escritos ou não escritos) e registros, como prontuários, testamentos, leis, gravações, revistas, jornais, catálogos, filmes, fotos, etc. É comum que este tipo de pesquisa seja combinado a outras, como a pesquisa bibliográfica. A união destes dois tipos de pesquisa oferece a argumentação teórica somada a evidências documentais.

A pesquisa documental é bastante utilizada para estudos de Ciências humanas e sociais, proporcionando maior compreensão de contextos históricos e sociais.

Pesquisa bibliográfica

Dentre os tipos de pesquisa, abibliográfica é uma das ferramentas mais básicas para a introdução ao mundo da pesquisa científica. É comum que graduandos sejam apresentados à pesquisa bibliográfica logo no inicio de seu curso. Ela diz respeito ao levantamento de publicações, artigos, entre outros conteúdos literários voltados para o assunto estudado.

Ela é necessária para praticamente todas as outras pesquisas citadas aqui. A partir dela, o pesquisador pode analisar as argumentações e evidências de diferentes estudiosos sobre o tema a ser pesquisado. A partir deste levantamento, em comparação com os demais autores, o pesquisador pode construir sua teoria.

Estudo de caso

O estudo caso é uma forma de pesquisa empírica. Ou seja, ela não se baseia apenas em dados teóricos. O pesquisador analisa profundamente um tema específico. O estudo de caso é uma pesquisa de um elemento em particular, por isso, os fatos identificados não podem ser generalizados ou tomados como verdade absoluta.

Como você deve ter percebido, o estudo de caso é um tipo de pesquisa qualitativa que se aprofunda em um objeto de estudo em particular. Normalmente, este tipo de pesquisa busca o esclarecimento de tomada de decisões. É possível que um estudo de caso seja também uma pesquisa descritiva, ou até uma exploratória.

O estudo de caso é muito comum na área de humanas. O tratamento de um determinado paciente pode se tornar um estudo de caso de um enfermeiro, por exemplo. É claro que, para isso, são necessárias as devidas autorizações, conforme a ética em pesquisa, que é um capítulo à parte.

Pesquisa experimental

Assim como o estudo de caso, a pesquisa experimental é também uma pesquisa empírica. Isto quer dizer que a pesquisa é feita a partir da tentativa e erro, através da vivência do pesquisador.

A pesquisa experimental é comum em laboratório, mas não se limita a ele. Para que ela seja realizada, existe um controle de variáveis para impedir interferências do meio.

As pesquisas experimentais podem ser utilizadas tanto para o desenvolvimento de um novo medicamento até para análise de mercado, para estudar o comportamento do consumidor.

A pesquisa experimental pode se misturar às pesquisas descritiva, exploratória ou explicativa.

Pesquisa de campo

Diferente da pesquisa experimental, na pesquisa de campo o pesquisador vai até o meio a ser explorado, sem intervir nele. Através dela, os fatos ou fenômenos são observados, coletados, analisados e interpretados pelo pesquisador.

No âmbito científico, é importante unir outros tipos de pesquisa com a de campo. Por exemplo, antes de observar o objeto de estudo, o pesquisador deve apropriar-se do assunto através de pesquisa bibliográfica ou documental, munindo-se da teoria para melhor observar o campo.

Através da pesquisa de campo, o pesquisador pode adquirir informações extraídas direto da realidade estudada. Muito comum nas áreas sociais, como Sociologia e Antropologia, a pesquisa de campo pode ser utilizada para entender a cultura de um determinado grupo, por exemplo.

Pesquisa ex post facto

Este tipo de pesquisa é realizado após a ocorrência de um fenômeno. Por isso o nome ex post facto, que significa “a partir do fato passado”. Como o fato já ocorreu, o pesquisador não tem controle sobre as variáveis. Portanto, o pesquisador estuda as variações com as variáveis existentes quando o fenômeno ocorreu.

Tal estudo pode servir para compreender como um fato interferiu no presente ou poderá interferir no futuro de um grupo. Seu objetivo é, portanto, analisar possível relação de causa e efeito.

Um exemplo é estudar a alta incidência de nascimento de crianças com deficiência em uma determinada cidade de interior. Quais são as variáveis ambientais? As condições genéticas dos pais?

Pesquisa-ação

Neste tipo de pesquisa, o pesquisador também vai a campo, mas ele intervém. Isto quer dizer que o pesquisador, neste caso, não é um mero observador, e sua ação provoca uma alteração no meio.

Para isso, o pesquisador precisa inicialmente se munir de uma situação-problema, a partir de um estudo teórico, para então intervir no ambiente e estudá-lo novamente, fazendo uma comparação do que mudou. Esta metodologia é muito utilizada na área de tecnologia da informação, como a criação de um aplicativo, por exemplo.

Pesquisa levantamento

Esta é a metodologia utilizada em pesquisas como a de intenção de votos. Uma pequena amostra da população é avaliada, e aquele resultado é tomado para interpretar o resultado de uma totalidade.

Para a fidedignidade de resultado, diversas variáveis são controladas, para que o público-alvo seja bem delimitado. Trata-se de uma pesquisa quantitativa que toma o resultado como representante do todo.

Pesquisa participante

Na pesquisa participante (ou participativa), assim como na pesquisa-ação, existe uma interação entre pesquisado e pesquisador, onde este não é um agente passivo e observador. A diferença é que, neste caso, não é necessário que haja um plano prévio de intervenção.

O principal elemento desta pesquisa é o resultado da relação entre pesquisador e pesquisado, o que surge a partir desta interação.

É um tipo de pesquisa comum nas áreas sociais. Ao invés do pesquisador ir com o objeto de estudo pronto, ele toma conhecimento do que é de fato a situação problema através do conteúdo trazido pelos entrevistados.

Tipos de pesquisa para trabalhos acadêmicos

Neste artigo, você conheceu diferentes tipos de pesquisa: aquelas relacionadas à sua finalidade (pesquisa básica pura/estratégica ou pesquisa aplicada), sua abordagem (quantitativa, qualitativa ou mista) e em relação aos procedimentos: pesquisa descritiva, explicativa, exploratória, documental, bibliográfica, estudo de caso, pesquisa experimental, de campo, ex post-facto, pesquisa-ação, pesquisa levantamento e participante.

Como você viu, um mesmo estudo pode mesclar diferentes procedimentos, conforme a necessidade do fenômeno a ser estudado. Além do conteúdo abordado aqui, também é fundamental conhecer mais sobre a ética em pesquisa.