O que faz um cientista? Saiba mais sobre essa carreira

Quando falamos em cientista, qual a primeira imagem que vem a sua mente: um profissional de jaleco branco, misturando substâncias em um laboratório? Se sim, você não está errado. No entanto, a profissão de cientista é bastante diversa e envolve não só o trabalho no laboratório ou a combinação de substâncias, por exemplo.

Neste artigo, vamos falar sobre o que faz um cientista no seu dia a dia e o que é preciso para se tornar um. Confira!

O que faz um cientista?

Podemos chamar de cientista todo profissional que realiza, no seu dia a dia de trabalho, pesquisas científicas. Isto é, propõe-se a conhecer fenômenos da realidade, suas causas e efeitos através de métodos, processos e técnicas de análise sistemáticos e intensivo. Seu objetivo é não só conhecer, mas também interpretar e intervir na realidade, fornecendo à sociedade um conhecimento provisório capaz de facilitar a nossa interação com o mundo.

Em suma, podemos dizer que o cientista é o profissional que utiliza o método científico, raciocínio lógico e experimentação prática para, de fato, fazer ciência.

Mas quais são as atribuições de um cientista?

A produção do saber científico envolve uma série de tarefas sistemáticas e racionais. Aqui estão as principais atribuições de um cientista no seu dia a dia de trabalho:

  • Identificar um problema (concreto ou de formulação teórica) sem solução;
  • Elaborar questionamentos críticos sobre determinado tema;
  • Realizar o levantamento da literatura científica sobre o tema;
  • Definir objetivos de pesquisa;
  • Elaborar a hipótese da pesquisa, isto é,  resolução possível ou provisória para um problema;
  • Estabelecer o método, abordagem e procedimentos de pesquisa para a investigação do tema;
  • Escolher técnicas de coleta, ordenação e de análise de dados;
  • Realizar a coleta de dados sobre o tema;
  • Ordenar e analisar dados, chegando a resultados que respondem aos questionamentos estabelecidos;
  • Relata todas as etapas da pesquisa em relatórios científicos;
  • Realiza a divulgação científica através da escrita e publicação de artigos em revistas especializadas;
  • Participa de eventos acadêmicos, realizando comunicações e mesas de debates sobre os temas pesquisados;
  • Ministra palestras em faculdades e instituições de pesquisa e espaços de divulgação científica (físicos ou digitais);
  • Realiza treinamentos de profissionais na sua área de atuação;
  • Integra comitês e bancas de avaliação de pesquisas científicas nas suas áreas de especialidade.

O que um cientista pesquisa?

Notou que não falamos nada sobre o assunto ou conhecimento no qual o cientista desenvolve suas pesquisas? Isso tem uma razão. Embora a imagem do cientista esteja muito atrelado às ciências exatas (como a física, química, etc.), os profissionais dessas áreas não são os únicos que trabalham nesta profissão. Afinal, as ciências humanas e biológicas, com todas as suas subdivisões, não recebem o nome de ciência por acaso. O Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), cuja criação em 1951 foi um marco para a produção científica no Brasil, descreve as seguintes áreas:

  • Ciências Agrárias: que estudam a terra, seus recursos (animais e vegetais), manejo e preservação.
  • Ciências Biológicas: estudam, descrevem, preservam e exploram os organismos vivos.
  • Ciências da Saúde: estudam a vida e os processos de saúde e bem-estar humano.
  • Ciências Exatas e da Terra: estudam a resolução de problemas concretos e teóricos com base na matemática.
  • Engenharias: estudam a aplicação do conhecimento científico na construção e ordenação de estruturas, máquinas, aparelhos, materiais e processos concretos.
  • Ciências Humanas: se dedicam ao estudo das complexas relações e ligações que definem a própria humanidade.
  • Ciências Sociais Aplicadas: por outro lado, estudam as necessidades e consequências da vida em sociedade.
  • Linguística, Letras e Artes: por fim, estudam a complexidade do pensamento humano e sua expressão nas suas diversas linguagens.

Como se tornar um cientista?

Antes de mais nada, saiba que a jornada profissional de um cientista anda de mãos dadas com a formação acadêmica. Embora cada cientista tenha uma trajetória única, todos eles precisam trilhar alguns passos em comum para ser reconhecido nessa profissão.

Etapa da graduação

O primeiro passo é, claro, realizar uma graduação. O cientista é necessariamente uma profissão de ensino superior, então a primeira etapa de formação é obrigatória. Em geral, uma graduação tipo bacharelado tem duração aproximada de 4 a 6 anos, dependendo da área do conhecimento escolhida. Ela oferece uma formação ampla e generalista na área, permitindo que o profissional tenha contato com uma grande diversidade de tópicos, conceitos e discussões.

No decorrer da graduação, o então estudante realiza estágios (obrigatórios ou não) e seus primeiros trabalhos práticos e/ou teóricos através do método científico. Durante esse período, no entanto, ele tem a oportunidade de desenvolver sua primeira pesquisa sob orientação de um professor: a iniciação científica.

Ainda que não seja obrigatório, é fortemente recomendado que os estudantes de graduação que tenham interesse em construir uma carreira na ciência façam uma iniciação científica durante a graduação. Nela, o aluno tem contato com todas as etapas do desenvolvimento de uma pesquisa e ainda podem receber uma bolsa de incentivo de uma agência de fomento (como PIBID, PIBIC, PIBIT) para conseguirem se dedicar à ela.

Etapa da pós-graduação

Após a conclusão da graduação, vem a etapa da pós-graduação. Diferente da maioria das profissões de ensino superior, onde a graduação é a porta de entrada para o ambiente profissional, o cientista precisa continuar sua formação antes de começar a atuar profissionalmente nesta área.

Nesse ponto, é necessário esclarecer um detalhe. Existem dois tipos diferentes de pós-graduação:

  • Lato sensu, do latim, significa “sentido amplo” e tem o objetivo de ampliar os conhecimentos no curso de graduação. Seus cursos são chamados especializações e também inclui os MBA (Master of Business Art) e são voltados para a prática profissional; e,
  • Stricto sensu, que significa “sentido estrito” e tem o objetivo de aprofundar o conhecimento em um assunto específico do curso de graduação.  Se divide em dois níveis: o mestrado e o doutorado, ambos voltados para a produção de conhecimento científico e carreira acadêmica.

Dada essa breve explicação, você já deve ter percebido que para se tornar um cientista é preciso seguir na pós-graduação stricto sensu. Tanto no mestrado como no doutorado, os estudantes desenvolvem pesquisas científicas que resultam numa dissertação e tese. Para a aprovação e obtenção do título de mestre(a) e, posteriormente, de doutor(a), as pesquisas são submetidas a uma banca avaliadora composta por seus pares; isto é, profissionais que já possuem o título correspondente e também têm produções científicas naquele assunto.

Atualmente, a duração do curso de mestrado é de 2 anos e do doutorado é de 4 anos. No entanto, é possível estender estes prazos, se necessário.

Posteriormente, o profissional também pode realizar um pós-doutorado, que nada mais é do que um estágio em universidade ou instituição de pesquisa para o aprimoramento das habilidades do cientista. Sendo assim, o pós-doutorado é uma continuação do trabalho de pesquisa acadêmica, mas não configura um novo grau ou título.

Então, eu preciso completar todos os graus do ensino superior para ser considerado um cientista? 

De modo geral, aqueles que estão em qualquer grau da pós-graduação stricto sensu já são considerados cientistas. No entanto, a continuação dos estudos é fundamental para o reconhecimento e crescimento dos profissionais nessa carreira.

Qual o perfil profissional de um cientista?

Como em toda carreira, há um perfil desejado para os cientistas. Além das habilidades técnicas na sua área de pesquisa e atuação, espera-se que esses profissionais também apresentam certas habilidades comportamentais, dentre elas:

  • Pensamento crítico;
  • Capacidades analíticas;
  • Organização;
  • Boa comunicação (escrita e oral);
  • Comportamento ético;
  • Criatividade;
  • Curiosidade;
  • Inovação;
  • Proatividade;
  • Versatilidade.

Como é o mercado de trabalho para cientistas?

Agora que já sabe o que faz um cientista e como se tornar um, você deve estar se perguntando: mas onde o cientista trabalha? Em resumo, cientistas trabalham em laboratórios privados, institutos de pesquisa e universidades. Em sua maioria, trata-se de instituições públicas.

Atualmente, no entanto, os cortes de gastos na educação e na ciência e tecnologia agravou as condições profissionais dos cientistas no Brasil. Nesse cenário, cada vez mais pesquisadores altamente qualificados têm buscado oportunidades no exterior, num fenômeno conhecido como “fuga de cérebros”.

Por um lado, o diálogo com profissionais e instituições de outros países é positivo para a evolução profissional do cientista. Por outro lado, a falta de perspectiva em retornar ao Brasil traz grandes complicações para o futuro da ciência no país.