O que é e como entrar na ABIN, a Agência Brasileira de Inteligência 

Você certamente já ouviu falar na CIA, a central de inteligência estadunidense, seja em filmes, séries ou na vida real. Talvez, até mesmo da KGB, o antigo serviço de inteligência soviético, ou o MI6, do Reino Unido. É possível que muitas pessoas ainda não saibam, mas assim como outros países do mundo, o Brasil também possui um órgão de inteligência.

Trata-se da Agência Brasileira de Inteligência, mais conhecida pela sua sigla ABIN. Neste artigo, te contamos sobre o que faz, como ela foi criada e também como entrar na ABIN. Confira!

O que é a ABIN?

A ABIN é um órgão vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Seu principal objetivo é fornecer: informações e análises estratégicas sobre possíveis ameaças à segurança nacional, ao Estado Democrático de Direito, à soberania nacional, bem como à dignidade da pessoa humana.

Dessa forma, a ABIN assegura que o Executivo Federal tenha acesso à informações sobre a segurança do estado e da sociedade. Para que, assim, possa agir e assegurar a defesa externa e segurança interna. Bem como o desenvolvimento científico tecnológico e socioeconômico do país.

Está presente em todos os estados do país, com superintendências nas suas capitais. Ademais, possui também duas subunidades: em Foz do Iguaçu (PR) e Tabatinga (AM), localidades fronteiriças consideradas estratégicas.

Além disso, a ABIN também conta com representações em 19 países espalhados por todos os continentes. Os agentes localizados nestas representações realizam o intercâmbio de informações com agências estrangeiras e produzem conhecimentos sobre temas de interesse nacional.

A Agência também faz parte do Sistema Brasileiro de Inteligência (o SISBIN), junto com mais de 40 órgãos, como: a Polícia Federal, as Forças Armadas e os demais ministérios do estado.

Uma breve história dos órgãos de inteligência no Brasil

A ABIN foi criada em dezembro de 1999, durante o mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, através da Lei nº 9.883. No entanto, não se trata do primeiro tipo de atividade de inteligência no Brasil.

Antes de tudo, em 1927, foi criado o Conselho de Defesa Nacional (CDN), que tinha objetivo de prover informações sobre assuntos estratégicos de defesa para o Executivo – e que existe até hoje. No entanto, como um conselho, trata-se de um órgão consultivo. Por isso, o primeiro serviço de inteligência do Brasil de fato foi Serviço Federal de Informações e Contrainformação (SFICI). O órgão foi criado em 1946 mas só foi montado de verdade uma década depois, em 1956.

No entanto, logo após o golpe de 1964 e a instituição do regime militar, o SFICI foi extinto. No seu lugar, foi instituído o Serviço Nacional de Informações (SNI), que funcionou como um órgão de espionagem durante toda a Ditadura Civil Militar.

Todavia, em 1990, a SNI foi substituída pelo Departamento de Inteligência da Secretaria de Assuntos Estratégicos (DI/SAE) que, anos depois, tornou-se a Subsecretaria de Inteligência (SSI). No fim da década, a SSI também foi extinta. Enfim, criou-se a ABIN, que funciona até hoje.

Os cargos da ABIN

Os cargos da ABIN dividem-se nas seguintes categorias:

Oficial de Inteligência

Responsável pelo planejamento, supervisão e controle da produção de conhecimentos de inteligência como ações de salvaguarda, atividades de pesquisa, assim como o desenvolvimento científico e tecnológico.

Para se tornar um Oficial de Inteligência, é preciso ter diploma de ensino superior, em qualquer área de formação. A jornada de trabalho é de 40h semanais e remuneração do cargo, R$16.620,46.

Oficial Técnico de Inteligência

Planeja, executa e controla as atividades técnico-administrativas, oferecendo suporte e apoio logístico para operações de inteligência e produção de conhecimento da agência.

Abaixo, listamos os cursos superiores requeridos nos concursos públicos para este cargo:

  • Administração
  • Arquivologia
  • Arquitetura
  • Biblioteconomia
  • Ciências Contábeis
  • Comunicação Social – Jornalismo
  • Comunicação Social – Publicidade e Propaganda
  • Direito
  • Economia
  • Educação Física
  • Engenharia (Civil ou Eletrônica ou Elétrica ou da Informação)
  • Estatística
  • Matemática
  • Pedagogia
  • Psicologia
  • Serviço Social
  • Tecnologia da Informação

A remuneração também é de R$15.312,74 e a jornada de trabalho conta com 40 horas semanais.

Agente de Inteligência

Os profissionais deste cargo têm como missão oferecer suporte especializado para as atividades realizadas pelo Oficial da Inteligência. Trata-se de um cargo de nível médio, então é preciso ter um diploma de ensino médio para se tornar um Agente de Inteligência. A jornada de trabalho também é de 40 horas semanais e a remuneração, R$6.302,23.

Agente Técnico de Inteligência

Responsável por oferecer suporte especializado para as atividades realizadas pelo Oficial da Inteligência, do mesmo modo que o Agente de Inteligência. No entanto, trata-se de outro cargo dividido em áreas de especialidade. Assim, alguma vagas são destinadas à profissionais de nível médio e outras ao nível técnico nos seguintes cursos:

  • Contabilidade
  • Edificações
  • Eletrônica

A jornada de trabalho é de 40 horas semanais e a remuneração, R$5.671,38.

Afinal: como entrar na ABIN?

Como órgão vinculado ao executivo federal, a ABIN é composta por funcionários públicos federais, selecionados através de concurso público. O Cebraspe (Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos) é responsável pelos concursos da ABIN.

Em suma, o concurso é composto por três etapas:

1ª etapa

  • Prova objetiva e discursiva de conhecimentos gerais e específicos (ambas de caráter eliminatório e classificatório);

2ª etapa

  • Investigação social e funcional: verificação da idoneidade moral e conduta ilibada dos candidatos (de caráter eliminatório);
  • Avaliação médica e psicológica (de caráter eliminatório);
  • Prova de capacidade física: somente para os cargo de Oficial de Inteligência e Agente de Inteligência (de caráter eliminatório); e, por fim,

3ª etapa

  • Curso de formação da Inteligência: aprovação depende da nota mínima 7 em todas as matérias avaliáveis (de caráter eliminatório e classificatório).

Devido à demanda por profissionais da agência, o Ministério do Planejamento autorizou a abertura de um concurso público em 2017. No entanto, somente em 2018 que o edital para 300 vagas da agência foi publicado, sendo: 220 vagas para o cargo de Oficial de Inteligência; 60 para Oficial Técnico de Inteligência e 20 para Agente de Inteligência.

Agora, em julho de 2021, o prazo de validade deste concurso foi prorrogado por mais dois anos e houve a convocação para mais 75 candidatos aprovados.