Desde o segundo semestre de 2022, temos acompanhado uma onda de demissões em massa em grandes empresas ao redor do mundo. Dentre as principais estão as big techs Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp), Twitter, Amazon, IBM, Microsoft, Alphabet (dona do Google) e outras. Na maioria dos casos, as demissões não são decorrentes da queda de produtividade nem das dificuldades financeiras das empresas, mas da desaceleração macroeconômica.
Aqui no Brasil, a situação não foi diferente. Tanto as gigantes da tecnologia quanto startups realizaram demissões de parte de seus funcionários recentemente.
Nos últimos meses, a plataforma de investimentos XP entrou para a lista de empresas que reduziram seu quadro de funcionários. Segundo o CEO da empresa, Thiago Maffra, o ambiente de alta taxa de juros enfrentado no Brasil e em outras economias do mundo traz desafios para a empresa. Além disso, o aumento da digitalização nas operações da XP também foi um fator importante para que as demissões ocorressem.
Quantos funcionários foram demitidos e quantos funcionários tem a XP atualmente? Neste artigo, respondemos essas e outras perguntas relacionadas à XP. Confira!
Do boom de contratações durante a pandemia…
Durante os anos de 2020 e 2021, período em que as medidas de combate à pandemia da Covid-19 eram mais restritivas, empresas de tecnologia viveram um boom” de contratações. De acordo com o Banco Interamericano e Desenvolvimento (BID), o setor de tecnologia registrou uma alta superior a 60% na taxa de contratação em relação ao período pré-pandêmico.
Essa alta foi impulsionada pelo isolamento social e o trabalho remoto (o famoso home office). Com a tecnologia como meio para manter os negócios funcionando, houve grande demanda por empresas que desejavam acelerar a sua digitalização ou que queriam aprimorar e diversificar seus produtos e serviços digitais.
Aqui no Brasil, a XP foi uma das empresas que aumentaram bastante o seu quadro de funcionários. Em 2021, as contratações superaram a marca de 2 mil profissionais, sendo que, 45% destes foram profissionais da tecnologia. Na época, havia previsão de promover entre 800 a 1000 contratações para 2022.
… às recentes demissões em massa
Neste ano, no entanto, o cenário no mundo inteiro mudou e cresceu a onda de demissões em empresas que antes haviam realizado uma série de novas contratações.
A XP seguiu o mesmo caminho: no primeiro trimestre de 2023, a XP reduziu 11% do seu quadro de funcionários. Segundo o sócio diretor financeiro, Bruno Constantino, essas demissões também são reflexos dos excessos cometidos durante a pandemia. Além disso, a XP também reportou uma queda de 7% no seu lucro líquido (R$796 milhões) este ano em relação ao mesmo período de 2022. A captação líquida da plataforma da empresa também foi abaixo do esperado (R$16 bilhões), tendo caído 65% em relação ao ano anterior. A receita líquida (R$31 bilhões), por outro lado, permaneceu estável na comparação anual.
Apesar desses ajustes no quadro de funcionários da empresa, a XP afirma que não planeja realizar novos cortes.
Segundo relatos de ex-funcionários, as demissões da empresa afetou funcionários com diferentes níveis de senioridade. E dentre as áreas mais afetadas pelas demissões em massa estão: Experiência do usuário (UX), Comunicações, Engenharia de software e finanças.
Quantos funcionários tem a XP investimentos atualmente?
Segundo balanço divulgado no dia 15, a plataforma de investimentos tinha 6.928 funcionários em dezembro de 2022. Já no fim de março de 2023, a empresa contava com 6.146 funcionários. Ou seja, em três meses, houve um corte de 782 profissionais.
Após as demissões, no entanto, ex-funcionários da corretora e banco de investimento da XP afirmaram não terem recebido o valor prometido na participação dos lucros e resultados (PLR).
Em geral, os contratos da empresa costuma ter uma parcela fixa, considerada por alguns “abaixo do mercado”, e um volume maior de remuneração variável, resultante do PLR. Os ex-funcionários que acusam a empresa afirmam terem batido as metas e atingido boas notas na avaliação de desempenho. E que, portanto, não haveria motivo para não receberem o bônus. A empresa afirma cumprir “rigorosamente a legislação trabalhista” e descarta irregularidades.
Qual a história da XP?
A XP Inc. nasceu em 2001, em Porto Alegre (RS), como um escritório de agentes de investimento autônomos. Os sócios Guilherme Benchimol e Marcelo Maisonnave pretendiam conectar investidores a corretores do mercado de ações.
Nos seus primeiros anos, a empresa cresceu no ramo da educação financeira a partir do diagnóstico de que a falta de informação e familiaridade com o mercado de ações dificultavam e afastaram potenciais investidores. Em 2017, a XP Educação se tornou a maior instituição de educação financeira do país e oferecem cursos livres, de graduação e pós-graduação.
Mas a XP não atua só como uma empresa de educação financeira. À medida em que foi crescendo, a XP incorporou pequenas corretoras de ações e deixou de ser um escritório de agentes autônomos para adquirir a licença para atuar como corretora.
Em 2009, em meio à crise econômica mundial e a rápida recuperação do Brasil, a XP se tornou a principal corretora independente, com uma carteira de 5 mil clientes. No ano seguinte, foi a corretora que mais negociou na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo.
Uma década depois, a empresa realizou um rebranding e adotou o nome XP Inc., abrigando as marcas XP Investimentos, XP Educação, Rico, Clear Corretora, IM+, Xtage, InfoMoney e Instituto XP. Recentemente, o banco Itaú Unibanco anunciou a compra de 11,36% das ações da XP Investimentos. Em 2022, a empresa ficou em primeiro lugar na categoria de Serviços Financeiros da 8ª edição do Prêmio Valor Inovação Brasil, a mais importante premiação sobre o tema voltada às grandes organizações do país.