22 sinais que a empresa colocou você na geladeira e como lidar com isso

O clima no escritório definitivamente mudou do agradável para um frio intenso. De repente, parece que seus supervisores adotaram uma distância tão grande entre vocês que parece inalcançável. Eles não se incomodam em te dar um gelo no escritório ou passar direto sem te cumprimentar direito.

Ao mesmo tempo, suas responsabilidades em relação ao trabalho diminuem, restando só as tarefas mais monótonas e tediosas. Em alguns casos, tarefas que não fazem parte das suas atribuições são requisitadas. As cobranças, no entanto, não param. Os feedbacks tornam-se escassos e, quando acontecem, são sempre destrutivos.

Como resultado, você não se sente mais motivado em levantar-se da cama todos os dias (especialmente às segundas-feiras) para ir até o escritório.

E o tratamento que seus supervisores e outros executivos te dão já indica que a situação não vai mudar tão cedo – ou mesmo que vai mudar algum dia. O mesmo não acontece com seus colegas, o que faz com que você se pergunte o que está fazendo de errado. E, em casos mais extremos, você acaba se isolando no escritório.

Quando essa situação se instala, não há outra forma de descrevê-la: a empresa colocou você na geladeira. Mas o que isso significa?

Neste artigo, falamos sobre o que está por trás desse tipo de tratamento com o funcionário por parte do chefe e da empresa como um todo. E também quais são os sinais que a empresa colocou você na geladeira.

Confira!

O que está por trás da geladeira corporativa?

A técnica de “dar um gelo” no funcionário, infelizmente, não é novidade no mundo corporativo. Ela também não acontece por acaso.

Muitas vezes, a empresa avalia que aquele profissional não deve mais constar no seu quadro de funcionários. No entanto, não está nos seus planos demiti-lo. Isso pode acontecer por vários motivos, sendo que o principal deles é que a empresa não quer arcar com os custos da demissão. Especialmente quando se trata de um funcionário que tem muitos anos de casa, cujo acerto de demissão alcança uma quantia volumosa para a empresa.

Assim, a geladeira corporativa nada mais é do que uma maneira de forçar a saída do funcionário. Fazendo, portanto, com que ele peça demissão e a empresa não seja obrigada pelos acertos de fim de contrato, como previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

De modo geral, a ideia da geladeira não se refere só ao comportamento dos supervisores ou dos empregadores, mas também a como o funcionário se sente ao ser alvo dele. O profissional que é colocado na geladeira corporativa se sente estagnado no seu emprego. Pois, com a diminuição das suas responsabilidades e a análise constante dos seus superiores, suas perspectivas de crescer naquele ambiente caem – até chegar a zero. No lugar dela, cresce o sentimento de inadequação e sua autoestima como profissional torna-se baixíssima; o que pode inclusive impactar a sua busca por outras oportunidades e a sua relação com o trabalho em geral.

Assim, o que vemos é o isolamento e até mesmo humilhação do funcionário. E essas práticas, quando ocorrem de forma sistêmica e frequente como é o caso da geladeira corporativa, configura assédio moral de acordo com a Justiça do Trabalho.

22 sinais que a empresa colocou você na geladeira

Leia com atenção e tenta identificar se aquela situação ocorre com você também.

Um ou outro sinal pode mostrar que algo está errado no escritório, mas a soma de vários deixam a hipótese de que você está sofrendo pressão para se demitir mais forte.

  1. Suas responsabilidades diminuem drasticamente.
  2. Seus dias agora são resumidos a tarefas burocráticas e repetitivas.
  3. Ou seus supervisores pedem que você realize tarefas que não domina.
  4. Você é retirado de um projeto em andamento sem justificativa, e sem integrar um novo projeto.
  5. Você recebe tarefas que estão fora das suas atribuições.
  6. Suas tarefas diárias são microgerenciadas.
  7. Você precisa documentar absolutamente tudo o que faz no ambiente de trabalho.
  8. Seu horário de trabalho é alterado sem aviso prévio ou sem a sua anuência.
  9. Você é transferido para outro local de trabalho sem nenhuma explicação.
  10. Seus supervisores não reconhecem ou minimizam suas realizações.
  11. Você é excluído de reuniões e conversas importantes.
  12. Você não recebe apoio ou direcionamento para crescer profissionalmente.
  13. Seus supervisores não respondem suas dúvidas e solicitações.
  14. Você tem dificuldades no acesso a dados importantes, o que impacta na qualidade e na entrega seu trabalho.
  15. Os feedbacks que você recebe são sempre destrutivos. Isto é, somente criticam suas falhas, nunca apontam como você pode corrigi-las e melhorar seu desempenho.
  16. Seus supervisores e os outros funcionários da empresa deixam de conversar sobre amenidades no escritório com você.
  17. Suas ideias e contribuições são imediatamente rejeitadas e vistas de forma negativa.
  18. A equipe não acata suas contribuições sem muitas insistência e briga.
  19. Seus supervisores estão sempre pedindo para você refazer tarefas, com  justificativas sem sentido.
  20. As flexibilidades no trabalho que você tinha antes não são mais uma realidade.
  21. Supervisores de outras áreas, inclusive dos recursos humanos, também agem com indiferença a você.
  22. Você não é incluído nos planos futuros da empresa.

Geladeira corporativa ou supervisor tóxico? E como lidar com os dois casos?

Outro ponto importante é que a geladeira corporativa é uma pressão colocada no funcionário pela empresa como um todo. Ou seja, o comportamento tóxico de um supervisor sozinho não significa que você foi posto na geladeira. Mas, quando há uma ação coordenada do seu supervisor direto e dos demais, bem como do departamento de recursos humanos, aí sim falamos em geladeira corporativa.

Distinguir as duas situações é extremamente importante para saber o que fazer em seguida e sair delas. No caso de um supervisor que tem um comportamento tóxico, notificar a equipe de recursos humanos da empresa é essencial. Pois são eles que devem tomar providências para garantir a segurança e conforto dos funcionários.

Mas, se a situação for realmente corporativa, a solução é mais complexa. Afinal, não dá para recorrer aos recursos humanos, pois eles não só sabem da situação mas também contribuem com ela.

Nesse caso, reparar a situação é muito mais difícil. Afinal, o empregador dificilmente admite que está agindo para boicotar seu funcionário. Em geral, a melhor forma de lidar com a situação tanto para o funcionário como para a empresa sem entrar na esfera judicial é acordar a demissão consensual. Ou seja, quando ambas as partes acordam em encerrar o vínculo empregatício.

No entanto, é possível levar o caso à esfera judicial. Se provado que a empresa falhou no cumprimento dos seus deveres como empregador, o funcionário pode pedir a rescisão indireta do contrato, de acordo com o Art. 483 da CLT. Assim, o funcionário recebe todos os direitos previstos no caso da demitido por justa causa.