Fluxograma no TCC: como fazer e inserir de acordo com a ABNT

Explicar um processo complexo de forma clara e objetiva é um verdadeiro desafio. A depender da forma como o texto é elaborado, a explicação fica muito complicada, maçante e difícil de ler. Nesses casos, fica mais fácil desenhar para conseguir visualizar e apresentar todas as etapas que existem entre o início e o fim do processo.

No contexto de elaboração de um trabalho acadêmico como o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), esse “desenho” pode assumir a forma de um fluxograma e, quando necessário, incorporado ao texto final.

Por um lado, o fluxograma é um ótimo método de organização e planejamento de pesquisa, já que reúne todas as etapas do trabalho e suas tarefas num único lugar e não deixa que o pesquisador se perca na sequência de entregas. Por outro lado, o fluxograma também pode ser um elemento do trabalho,  por exemplo, quando há necessidade de demonstrar todas as etapas de um processo dentro do seu tema de pesquisa de forma rápida e que seja de fácil entendimento.

Como você pode perceber, o fluxograma é uma ferramenta que pode auxiliar muito não só na elaboração da pesquisa como na escrita e apresentação do trabalho final. É por isso que, nesse artigo, te explicaremos o que é um fluxograma, quais são seus símbolos e tipos. Depois, te mostraremos como fazer um fluxograma e como inserir no trabalho acadêmico seguindo as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Confira!

O que é um fluxograma?

Em 1921, os engenheiros Frank e Lilian Gilbreth apresentaram à Sociedade Americana de Engenharia Mecânica o primeiro método estruturado para documentar um fluxo de processo. O flowchart ou fluxograma rapidamente passou ser parte do currículo da engenharia industrial e, mais tarde, apresentado ao setor empresarial. Atualmente, trata-se de um método usado para planejar, documentar e visualizar processos complexos em diversas áreas do conhecimento, com a tecnologia da informação e administração, não se restringindo somente à engenharia.

Em suma, o fluxograma é uma representação gráfica que tem, na sua estrutura, símbolos padronizados para sinalizar as etapas do processo e o direcionamento a ser seguido.

Aqui, vale dizer que o fluxograma é um tipo de diagrama, isto é, uma representação gráfica usada para esquematizar um conceito ou processo. A forma mais comum do diagrama apresenta palavras-chave ligadas através de setas, que definem o direcionamento do raciocínio. Essa representação, no entanto, não dá conta da complexidade de certos tipos de processo. O uso padronizado de símbolos no fluxograma, por outro lado, dá conta de apresentar fluxos de maior complexidade, descrevendo várias etapas e rotas de maneira compreensível e simples.

Os símbolos de um fluxograma

Na década de 1960, o Instituto Americano de Padrões Nacionais estabeleceu um padrão de uso para os símbolos nos fluxogramas. O objetivo era facilitar tanto a criação quanto a compreensão dessas representações, de modo que um mesmo fluxograma pudesse ser entendido por  diferentes equipes, departamentos e indústrias.

Na década seguinte, essa padronização passou a valer também na IOS Organization (Organização Internacional de Padronização), da qual a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é um membro fundador. Ou seja, os padrões são referência no Brasil também.

Abaixo, listamos os principais símbolos:

  • Seta conecta dois blocos e indicação direção do fluxo do processo;
  • Oval representa ponto de partida e término no processo do fluxograma;

  • Retângulo (bloco), geralmente o componente que mais aparece no fluxograma, representa uma etapa do processo, uma ação;

  • Colchete, usado junto ao retângulo para incluir comentários ou anotações sobre uma etapa do processo;
  • Losango representa o ponto do processo onde é necessário tomar uma decisão antes de avançar para a próxima etapa;

  • Círculo é um símbolo que pode mudar de significado a depender do que aparece (ou não) dentro dele. A cruz circunscrita significa que o fluxo do processo será dividido em três ou mais ramificações. Mas se houver um X circunscrito, significa o contrário: que várias ramificações irão formar um único processo dali em diante. No entanto, quando o círculo está vazio significa que há uma conexão de duas etapas do processo que estão distantes uma da outra; evitando, assim, o uso de linhas muito extensas e simplificando o fluxograma;

  • Cilindro indica um arquivo de dados ou banco de dados;

  • Paralelogramo é usado para indicar a entrega ou recebimento de algum dado importante para o processo.

Sabendo do significado de cada um desses símbolos, é possível criar fluxogramas para qualquer tipo de processo.

Tipos de fluxograma

Dependendo do processo que deseja representar visualmente, o fluxograma pode ser elaborado de diferentes formas. Aqui estão alguns tipos de fluxograma:

Diagrama de blocos

O primeiro tipo de representação de processo que apresentamos não é um fluxograma em si, mas um diagrama composto apenas por blocos e setas que direcionam o sequenciamento do processo. E apresentamos ele primeiro pois o diagrama de blocos é a base para a construção de fluxogramas com diferentes graus de complexidade.

Fluxograma de processos simples 

Considerado um fluxograma simples, composto por blocos e pontos de decisão, que ramifica o processo em direções distintas, a depender da alternativa escolhida.

Fluxograma funcional

Aqui, a representação gráfica do processo inclui a área ou seção onde ocorrem suas etapas e/ou atividades, geralmente feita com a ajuda de uma tabela.

Recomendado para processos multissetoriais, que não dependem de uma única área ou equipe, sendo possível identificar os responsáveis por cada etapa.

Fluxograma vertical

Nesse fluxograma, a tabela complementar fica mais complexa, contando com um número maior de colunas. Embora pareça complicado demais à primeira vista, esse fluxograma é de fácil leitura e rápido preenchimento, uma vez que basta assinalar o símbolo correspondente de acordo com o padrão estabelecido em cada coluna. É mais usado em estudos de processos produtivos.

Como planejar e criar um fluxograma

Agora que você já sabe o que é, quais são os símbolos e tipos de fluxograma, vamos te ajudar a planejar e criar o seu. A partir desse passo a passo, você conseguirá fazer um fluxograma descrevendo todas as etapas (do início ao fim) de um processo, seja ele o próprio TCC ou relativo ao seu tema de pesquisa.

1. Defina o escopo

Antes de pegar o lápis ou abrir a ferramenta digital para desenhar seu fluxograma, você precisa definir o escopo do seu processo, isto é, qual o ponto inicial, o objetivo final, as datas de início e conclusão desejadas.

2. Liste as tarefas e organize-as em ordem cronológica

Quais são as ações necessárias para sair do ponto inicial e chegar ao objetivo desse processo? Dependendo do tipo de processo realizado, talvez seja preciso analisar documentos já existentes que sirvam de base e colher dados sobre experiências anteriores que sejam semelhantes.

Mas atenção, se você está na fase de planejamento permita que seu fluxograma tenha alguma flexibilidade nesse momento inicial (exceto, é claro, que exista um procedimento obrigatório). Liste as tarefas e organize-as. Observe com atenção esse primeiro esboço, tentando entender se não esqueceu nada ou se essa ordem é a mais apropriada. O uso de post its facilita a visualização e já te dá uma ideia de como vai ficar o seu fluxograma.

3. Estabeleça o tipo de fluxograma e atribua os símbolos correspondentes

Agora é o momento de realmente esquematizar seu fluxograma. Além das tarefas, sinalize as outras ações envolvidas no desenvolvimento daquele processo e indique o direcionamento do fluxo.

4. Crie o fluxograma

Agora é hora de passar o rascunho para o formato definitivo do fluxograma. Desenhe à mão ou utilize um software ou ferramenta própria para esse tipo de representação gráfica como:

Ou, se você usa o Microsoft Word, saiba que pode usar a função SmartArt para acessar os símbolos e fazer seu fluxograma.

5. Aprimore e confirme seu fluxograma

Observe seu fluxograma e todos os seus detalhes: tem alguma tarefa faltando? A ordem estabelecida forma uma progressão condizente com os pontos de início e término do processo? Existem gargalos ou potenciais problemas no fluxo do processo?

Essas são algumas perguntas que irão te ajudar a aperfeiçoar o fluxograma antes de dar o pontapé inicial ao seu processo.

Como inserir um fluxograma no TCC?

Elementos gráficos são recursos extremamente úteis quando o assunto é tornar a apresentação ou discussão de um assunto mais rápida e fácil de ser entendida. Dentre os principais elementos gráficos que podem aparecer no TCC estão: gráficos, tabelas e figuras. Essa última categoria engloba fotografias, gravuras, mapas, plantas, desenhos, organogramas e, dentre outras imagens, os fluxogramas.

Seja qual for seu conteúdo e técnica, a função de uma figura no TCC é sempre a mesma: ilustrar e elucidar o texto. Ou seja, deixar as ideias do texto mais claras para o leitor.

Mas a inserção do fluxograma (ou qualquer outra figura) não pode ser feita de qualquer forma. A ABNT tem um conjunto de regras para esses elementos:

De acordo com a ABNT, sempre que for inserir um fluxograma no TCC, você deve antes fazer a identificação dele.

Comece inserindo o tipo de elemento (neste caso, uma figura), o número arábico de ocorrência no texto, um travessão (-) e o seu título. Assim, caso seja a primeira figura que você insere no trabalho, sua identificação começa da seguinte maneira: “Figura 1 – …”. Caso seja o segundo: “Figura 2 – …” e assim sucessivamente.

Além da identificação antes do quadro, há outra informação que você não pode esquecer de inserir, pois é obrigatória. Trata-se do local de onde você tirou aquele fluxograma.

Caso você tenha produzido o fluxograma (com a ajuda do nosso passo a passo), insira “Fonte: autoria própria”.

Mas se o fluxograma que você irá inserir foi retirado de um livro, monografia ou artigo científico de outro autor, insira “Fonte:…”, o sobrenome do autor e o ano de publicação da obra original.

Depois, não se esqueça de inserir a referência completa no final do seu trabalho, no campo de Referências!